Babilônia: O que seria um novelão se tornou um fracasso de audiência
Foi ao ar na última sexta-feira (28), o último capítulo da novela Babilônia de Gilberto Braga, João Ximenes Braga e Ricardo Linhares. Novela esta que penou para conseguir bons indicie de audiência e acabou fechando como uma das piores audiências do horário. Fechou com média geral de 25 pontos na Grande São Paulo. As duas anteriores, “Em Família” e “Império”, marcaram 30 e 33 respectivamente. “Avenida Brasil” foi o último “grande sucesso” do horário, com 39 de média final.
Muitas vezes os brasileiros não sabem o que é algo bom e muitos não deram atenção a uma grande novela, muito melhor que muitas que tivemos já tivemos no horário, como, por exemplo, a também fracassada "Em Família" (2014) ou até algumas que fizeram um bom sucesso como "Salve Jorge" (2012), mas que não tinham a qualidade que "Babilônia" possuía.
A crise foi tão grande, que o maior produtor da emissora chegou a perder para "I Love Paraisópolis" trama das sete em alguns momentos e em duas ocasiões empatou com "Além do Tempo", que estreou em julho.
As chamadas prometiam um novelão e o primeiro capítulo foi assim, rápido, cheio de ótimas histórias, um show de Adriana Esteves e Glória Pires, as protagonistas vilãs. Vimos um capítulo avassalador com beijo gay entre as senhoras Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg, além de violência doméstica e assassinato. Foi um verdadeiro espetáculo o primeiro capítulo, os autores mostraram tudo e mais um pouco.
Porém o público não perdoou, ao ver filha dando um tapa na mãe e filho ameaçando pai, a audiência foi caindo ladeira abaixo nas semanas seguintes. E para piorar a situação, infelizmente a ala conservadora da sociedade, a chamada "tradicional família brasileira" criou uma campanha anti-Babilônia. O que a meu ver foi um absurdo, público careta, não sabe apreciar um novelão, uma grife de Gilberto Braga.
Além disso, a concorrência estava muito bem armada, o SBT esta estável com "Chiquititas" e no mesmo dia da estreia da novela global, colocou a reprise do sucesso "Carrossel" para competir no horário. Já a Record ganhava audiência com a religiosa "Os Dez Mandamentos", mesmo que a disputa com "Babilônia" fosse por pouco tempo.
Para conseguir recuperar o público perdido, os autores fizeram algumas mexidas, como, por exemplo, não ter mais caricias entre as personagens Estela e Tereza, fizeram de Alice que seria garota de programa, a mocinha da trama; a que odiava a mãe e da noite para o dia ficaram grandes amigas etc.
Porém mesmo com algumas mudanças na minha concepção a novela valeu muito à pena, vimos duas grandes vilãs Beatriz e Inês, pois Inês também poderia ser considerada vilã, por ter um mente muitas vezes diabólica.
Também vimos Cris (Tainá Muller) fazer de tudo para ter o amor de Vinícius (Thiago Fragoso), sendo outra vilã, querendo acabar com a mocinha Regina (Camila Pitanga), que por sinal não tinha tanta força com o público e acabou recuperando seu prestigio com o telespectador na reta final.
A novela esta cheia de personagens inesquecíveis como o cafetão e inescrupuloso Murilo (Bruno Gagliasso), que rendeu grandes cenas e teve o famoso "quem matou". Por sinal, o quem matou de Murilo nos pegou de surpresa, ponto alto para o trio Giba, João e Ricardo. Pouquíssimas pessoas apostariam em Otávio como o autor do crime. Falando em Otávio outro grande personagem, que também deixou sua marca na trama, muito bem vivido por Henson Crapi, provando que pelo amor muitos são capazes de matar.
Ainda tivemos o núcleo de humor do triângulo cômico (porém pouco engraçado para o grande público), envolvendo Norberto, Valeska e Clóvis (Marcos Veras, Juliana Alves e Igor Angelkorte). Os três para mim foram engraçados em diversos momentos.
Outro ponto alto da novela e positivo foi à corrupção, que dupla, político evangélico e corrupto Aderbal Pimenta, vivido por Marcos Palmeira. Cenas inesquecíveis ao lado de sua mãe Consuelo (Arlete Salles foi brilhante). Tivemos várias críticas aos governos populistas e à intolerância. Escândalos políticos atuais foram abordados, bem como a hipocrisia e ignorância do que se faz e pensa em nome da religião para alcançar poder e dinheiro. Percebemos vários diálogos, como uma resposta dos autores ao público represente dessa ala conservadora que rejeitou a novela.
Mesmo com tantos problemas de rejeição a trama, sou um fã da novela. Sempre digo audiência não significa qualidade.
Quanto ao último capítulo, deixou a desejar sim, darei nota 8,2 principalmente por ter colocado contra a tradicional família brasileira, dois beijos homossexuais o de Tereza e Estela; e do lindo casal Ivan e Sérgio. O final de Beatriz e Inês não merecia ser este mesmo, parecia tudo muito fake o acidente do carro. Se eles tinham vontade de matar as duas juntas, que fosse uma cena inesquecível, até acabaria aceitando, outra coisa, ninguém soube do fim das duas.
Como disse poderia ter rolado esse acidente de carro, mas no dia seguinte teria que ter dado a notícia que as duas teriam fugido da cadeia e morreram ao explodirem com o carro, ai teria que ter uma cena de Regina, Alice, Tia Celina, Evandro e Estela comentando, assim gostaria que fosse. Ou outro final como, Beatriz fugindo do país, chorando sem Diogo. E Inês linda e poderosa sendo Presidenta da empresa.
Os outros finais gostei, porém não apareceu Gabi, Tadeu e Volnei.
Melhor ator: Marcos Palmeira
Menção honrosa: Bruno Gagliasso
Melhor atriz: Gloria Pires
Menção honrosa: Adriana Esteves, Fernanda Montenegro e Arlete Salles.
Pior ator: Thiago Martins
Melhor cena: Difícil, mas vou citar Inês sendo tortura por Osvaldo, e Beatriz sendo torturada com a cobra a mando de Inês.
Cena emocionante: Muitas. Citarei Rafa no hospital com Laís, e Ivan recebendo a medalha no último capítulo.
Pior personagem: Diogo, mas também posso cita Carlos Alberto.
Melhor personagem: Beatriz, mas também cito Inês e Consuelo.
Desperdício de talento: Débora Duarte, a tia Celina pouco fez pela trama, e Marcos Pasquim também foi desperdiçado, porém Carlos Alberto apesar de chato, no final foi importante, mostrando que até morre para salvar a mulher amada.
Núcleo sem necessidade: O do salão e poderiam ter aproveitado mais também as crianças.
Melhor casal: Sergio e Ivan
Menção honrosa: Alice e Evandro, Teresa e Estela.
Pior casal: Carlos Alberto e Regina
Menção honrosa: Beatriz e Diogo.
A novela deixará saudade sim, para muitas pessoas. Inclusive em março, uns três dias depois que a trama começou, foi criado no whatsapp, um grupo sobre a novela, quem criou foi o jornalista Luiz Felipe Fontoura, o seleto de pessoas criam um laço muito forte e a turma se tornou uma família, não só comentando sobre "Babilônia", tanto que passou a ser um grupo sobre televisão, o I Love TV, mas a idéia veio a partir da novela que acabou de nos deixar.
O jovem autor Caio Faria, integrante desse super famoso grupo do wapp, escreveu algumas palavras para se despedir da trama de Giba, João e Ricardo.
_É gente nos despedimos com muita tristeza e saudade de Babilônia, ela que nós unimos nesse grupo, que quebraram tabus. Bom dizer a adeus a essa novela não é fácil, aprendemos muito de uma forma ou de outra com Babilônia, aprendemos a ser mais honestos como a Regina, a mãe trabalhadora que faz de tudo para dar uma vida digna a sua filha, aprendemos com a Alice que não vale a pena vender o seu corpo e sim o que vale a pena é amar e ser amado, aprendemos com Tereza e Estela que o amor não tem idade e nem sexo, com a Laís e o Rafael nós aprendemos que amor vence qualquer barreira, Maria José nos ensinou que por um filho nós fazemos qualquer coisa, com a Inês que a vingança nem sempre é o melhor caminho, o Ivan nós mostrou que mesmo se a vida não lhe der uma rasteira temos que levantar, sacudir a poeira e dá a volta por cima, Sérgio nos mostrou que temos que seguir sempre o nosso coração, Carlos Alberto pobrezinho ele também nós ensinou que devemos amar mesmo que isso custe nossa vida, com Úrsula aprendemos que para ser feliz basta a gente nós amar, Vinicius aprendemos que devemos amar ate aquele que querem passar a gente para trás e até com a Beatriz nós aprendemos ora bolas, ela nos ensinou como é ser uma verdadeira diva. É mas o que a gente menos queria que acontecesse, aconteceu o FIM chegou, e nos só temos a agradecer a três pessoas que se não fossem elas, não teríamos nós conhecido, Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga muito obrigado por tudo mesmo, obrigado também a Dennis Carvalho e Maria de Medici que dirigiram essa novela tão bem. Obrigado a todo elenco que se dedicou e se empenhou a fazer de Babilônia um novelão e claro obrigado a todos nós que assistimos e comentamos muito. Mas a hora chegou e com ela um aperto no coração, mas é preciso dizer FIM.
É meus amigos, obrigado "Babilônia". E que venha a "Regra do Jogo".