"O Tempo Não Para" chega ao fim de uma maneira totalmente diferente do esperava
Ontem, segunda-feira (28), foi ao ar o último capítulo de "O Tempo Não Para", e acabou de uma forma triste e decepcionante pra muita gente, pois esperávamos que fossemos ter uma super novela. Seu início foi supimpa e inovador, como muitos disseram, seu maior atrativo era a mistura dos séculos, as pessoas do século 19 acordarem no século 21 e se adaptarem ao novo mundo, completamente diferente do que foi deixado pra trás. O autor Mário Teixeira tinha uma grande carta na manga, uma história que poderia render imensamente, só que aconteceu o que muitos temiam, a trama dos congelados rendeu muito pouco, em pouco tempo eles adaptaram aos novos tempo e tudo que poderia ocorrer foi por água abaixo.
O roteiro foi se perdendo, a novela foi enfraquecendo, o que era estimulante como a transformação dos congelados se esvaiu, e se tornou uma trama confusa, cheia de engue linguiça. barrigas - como as falsas gravidez de Carmem e Agostina. Faltou substancia para manter as tramas dos vilões e as paralelas.
Com o passar do tempo, a audiência foi caindo junto com a história, que perdeu um grande público. O folhetim ainda enfrentou as festas de final de ano, o que faz qualquer audiência cair. Para ter uma noção os 28 pontos de média no Ibope na Grande São Paulo durante o primeiro mês de exibição caíram para 21 pontos no último mês, quando a meta para o horário são 25.
"O Tempo Não Para" fecha com uma média final de 24 pontos, a menor desde 2015, quando foi ao ar "I Love Paraisópolis", outra novela de Mário Teixeira (escrita com Alcides Nogueira): "Deus Salve o Rei": 25,5 | "Pega Pega": 28,7 | "Rock Story": 25,9 | "Haja Coração": 27,5 | "Totalmente Demais": 27,3 | "I Love Paraisópolis": 23,4.
Mas nem tudo são críticas, temos algo para se elogiar, não tem como negar a qualidade da direção (equipe de Leonardo Nogueira) e do elenco bem escalado – com interpretações inesquecíveis de Edson Celulari (melhor papel dele há muito tempo), Juliana Paiva (provando que é uma das melhores atrizes de sua geração e para muitos melhor que Bruna Marquezine e até mesmo Marina Ruy Barbosa), Milton Gonçalves (o melhor da novela, que atuação impecável), Rosi Campos (divertida como Agostina em diversos momentos), Christiane Torloni (mandou muito bem e ótima química como Celulari), Solange Couto, Olívia Araújo, Regiane Alves (pra minha pessoa a maior vilã da novela), Maria Eduarda Carvalho.
No início algumas críticas surgiram para Nicolas Prattes, mais devido ao perfil do personagem, depois fomos nos acostumando com ele, e o rapaz deu conta do recado, além de ótima química com Juliana Paiva, onde quem realmente gosta da novela torceu muito pelo final feliz deles.
O maior ponto positivo do folhetim - foi o texto fantástico de Mário Teixeira, que foi repleto de crítica social nas falas dos personagens, feita de forma espirituosa, divertida, muitas vezes sutil, outras incisiva (quando necessário), à corrupção política, ao machismo, às diferenças de classe e distribuição de renda, e, principalmente, ao racismo. Vale destacar a representatividade negra na novela, não só pela presença dos personagens ex-escravos, mas também pelos outros, da atualidade.
Uma pena o folhetim ter se perdido com o tempo, como falaram alguns especialistas em telenovelas, como o jornalista Maurício Stycer, "O Tempo Não Para tinha fôlego para ser uma boa série, não uma novela".
Porém o que aconteceu de bom, será lembrado.
Que venha "Verão 90".
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