segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Descanse em paz Rogéria

Brasil perde Rogéria

Na noite de hoje, segunda-feira (04), vem a falecer a atriz Rogéria aos 74 anos. De acordo com Mario Paschoal, biografo e amigo da artista, ela nos deixou por volta das 22:15, no Hospital da Unimed, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Pouco tempo depois de voltar a ser internada com infecção urinária, a atriz teve uma crise convulsiva (algo que já tinha tido em julho), porém foi vitima de um choque séptico.

Ela tinha voltado a UTI no início de agosto, para se tratar do quadro de sepse urinária, e no último dia 25 teve alta, porém voltou ao hospital, depois que apresentou uma piora.

De acordo com Mario Paschoal, em fala ao site do O Globo, ele afirma que ela estava no aguardo da melhora para realizar uma operação nos rins, todavia o quadro veio a se agravar. Com isso provocou problemas cardíacos e uma infecção generalizada.
— Ela estava aguardando para fazer uma operação nos rins, mas o quadro se agravou. Ela chegou a ter problemas cardíacos. O empresário dela está cuidando de tudo. Engraçado que na primeira vez que ela foi internada, eu me preocupei muito. Dessa vez, estava mais tranquilo e aconteceu isso. Vai fazer muita falta.

Nascida no município de Cantagalo, no Rio, Rogéria (batizada com o nome Astolfo Barroso Pinto) descobriu logo na infância e adolescência que gostava de se vestir como mulher. Apesar de ter assumido sua sexualidade desde cedo, ela jamais quis se submeter a uma cirurgia de mudança de sexo.

De maquiadora a estrela em Paris
Antes da intensa vida cultural, Rogéria, ainda Astolfo, trabalhou como maquiadora de grandes estrelas na extinta TV Rio, como Fernanda Montenegro e Irene Ravache. A convivência com atrizes profissionais e artistas de rádio instigou a jovem a perseguir carreira no teatro, na televisão e no cinema.

Foi nesse período, nos corredores da TV Rio, que Astolfo passou a ser chamado de Rogério. O nome evoluiu para Rogéria por aclamação do público após vitória num concurso de fantasia.

Rogéria estreou como artista em 1964, ano de início da ditadura militar no Brasil, no espetáculo de vanguarda “Les Girls” (de João Roberto Kelly), o primeiro no país a escalar transexuais.

Mesmo sob o duro regime político, ela e toda uma geração de travestis navegaram pelos teatros cariocas, como o Rival, e desafiaram a censura. O carisma e o humor escrachado popularizaram Rogéria nacionalmente e levaram a atriz a excursionar e morar no exterior durante os anos 1970.

Entre 1971 e 1973, viveu em Paris e passou a andar vestida como Rogéria o tempo todo, mesmo fora dos palcos. Vedete do grande produtor de musicais Carlos Machado, ela participou de espetáculos populares como “Pussy Cats”, ainda nos anos 1960.

Na década seguinte, em 1979, atuou com Grande Otelo em “O Desembestado” e recebeu o Troféu Mambembe, extinto prêmio criado pelo Ministério da Cultura.

TV, cinema e biografia
Na televisão, Rogéria participou tanto de programas de auditório quanto novelas (“Tieta”, “Paraíso Tropical”, “Babilônia”) e séries (“Sai de Baixo”, “Pé na Cova”, “Tá no Ar: A TV na TV”). A atriz também acumulou algumas participações no cinema em filmes de Júlio Bressane (“O Gigante da América”, 1978) e José Joffily (“A Maldição do Sanpaku”, 1991).

Em 2016, a atriz narrou trajetória artística, bastidores de espetáculos e casos amorosos na biografia “Rogéria – Uma Mulher e Mais um Pouco”, escrita pelo amigo Marcio Paschoal e publicada pela editora Sextante.

Em 2017, Rogéria e outras sete travestis foram retratadas no documentário “Divinas Divas”, dirigido por Leandra Leal. O título do filme faz referência ao espetáculo de mesmo nome montado no Teatro Rival, da família de Leandra.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Frase

 Quanto mais a gente agradece, mais coisas boas acontecem. Amém!