Faz parte da história da televisão
Milton Gonçalves nos deixou hoje (30), aos 88 anos.
Conhecido por trabalhos marcantes em novelas como "O bem-amado" (1973) e as primeiras versões de "Pecado capital" (1975) e "Sinhá Moça" (1986).
Milton Gonçalves também venceu preconceitos e lutou pelo reconhecimento do trabalho dos negros.
Milton Gonçalves integrou, junto com Célia Biar e Milton Carneiro, o primeiro elenco de atores da TV Globo, onde fez mais de 40 novelas. Estrelou ainda programas humorísticos e minisséries de sucesso, como as primeiras versões de "Irmãos Coragem" (1970), "A grande família" (1972) e "Escrava Isaura" (1976). Também se destacou nas séries "Carga Pesada" (1979) e "Caso verdade" (1982-1986).
No ramake da novela "Sinhá Moça" (2006), interpretou o mesmo Pai José que tinha feito na versão original e conseguiu indicação para o prêmio de melhor ator no Emmy Internacional. Na cerimônia, apresentou o prêmio de melhor programa infanto-juvenil ao lado da atriz americana Susan Sarandon. Foi o primeiro brasileiro a apresentar o evento.
Sua última novela foi "O tempo não para" (2018), no papel de Eliseu, um catador de materiais recicláveis. Depois, esteve na minissérie "Se eu fechar os olhos agora" (2019), inspirada na obra homônima de Edney Silvestre, e interpretou o aposentado Orlando, que com a ajuda da neta se tornava Papai Noel no especial de Natal "Juntos a magia acontece" (2019).
No cinema, Milton Gonçalves estrelou mais de 50 filmes, como "Cinco vezes favela" (1962), "Gimba, presidente dos Valentes" (1963), "A rainha Diaba" (1974), "O beijo da mulher aranha" (1985), "O Que é isso, companheiro?" (1997) e "Carandiru" (2003).
Chegou à Globo em 1965
Nascido na pequena Monte Santo (MG), Milton Gonçalves mudou-se ainda criança com a família para São Paulo, onde foi aprendiz de sapateiro, de alfaiate e de gráfico. Fez teatro infantil e amador. Sua estreia profissional acorreu em 1957, no Teatro de Arena, na peça "Ratos e Homens", de John Steinbeck.
"Sofri todos os percalços entendendo, mas não concordando, com o preconceito racial, que foi um trauma na minha vida. Assim, o teatro para mim foi a grande salvação", afirmou em entrevista ao site Memória Globo.
Ele chegou à Globo a convite do ator e diretor Otávio Graça Mello, de quem fora companheiro de set no filme "Grande Sertão" (1965), dos irmãos Geraldo e Renato Santos Pereira.
Ao longo das décadas seguintes, deu vida a inúmeros personagens marcantes, como o Professor Leão, do infantil "Vila Sésamo" (1972); o médico Percival, de "Pecado capital" (1975); o Filé, da primeira versão de "Gabriela" (1975); e o promotor Lourival Prata, de "Roque Santeiro" (1985).
Trabalhou nas minisséries como "Tenda dos Milagres" (1985), "As noivas de Copacabana" (1992), "Agosto" (1993) e "Chiquinha Gonzaga" (1999).
Seu primeiro trabalho como diretor de TV foi na novela "Irmãos Coragem" (1970), de Janete Clair. Da mesma autora, dirigiu os primeiros capítulos os primeiros de "Selva de pedra" (1972).
Política
O ator também teve importante militância política. Simpatizante do Partido Comunista Brasileiro na juventude, chegou a se candidatar ao governo do Rio de Janeiro em 1994, pelo PMDB.
Sua experiência no universo da política o ajudou a compor o personagem Romildo Rossi, um político corrupto, em "A Favorita" (2008), de João Emanuel Carneiro.
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