Aos 82 anos, morre no Rio, Domingos Oliveira
Na tarde deste sábado (23, o Brasil perdeu um de seus maiores talentos, morreu o cineasta Domingos Oliveira, aos 82 anos. Autor, diretor, dramaturgo e ator com vasta produção no cinema — são de sua autoria filmes como "Todas as mulheres do mundo" (1966), "Separações" (2002) e "Barata Ribeiro, 716" (2016) —, Domingos estava em casa e teve uma baixa de pressão e logo em seguida uma intensa falta de ar. Segundo os familiares, chamaram uma ambulância, mas não ocorreu tempo para que o problema, fosse resolvido pelos médicos. O velório vai ocorrer ás 22 horas, ainda neste sábado, no Planetário da Gávea, na Zona Sul do Rio. Os amigos de Domingos, irão preparar uma homenagem musical para a ocasião, com a reprodução de canções marcantes de peças e filmes com a assinatura do artista.
O artista deixa a mulher Priscila Rozembaum, com quem esteve casado durante 38 anos, e quatro filhos — Maria Mariana, Daniele de Oliveira, Frederico de Oliveira e Igor de Oliveira.
Ao longo de sua linda carreira, Domingos teve mais de 120 obras no teatro, no cinema e na TV, ele lançou em 2016 a autobiografia "Vida minha" (Record), com muitas páginas dedicadas às mulheres de sua vida, mas também a lances emocionantes, como a descoberta do mal de Parkinson, que o acompanhava há mais de duas décadas.
Antes de acumular as funções de escritor, ator, dramaturgo e cineasta dentro do universo artístico, Domingos se formou em Engenharia Elétrica, apesar de nunca ter trabalhado dentro dessa área. O primeiro flerte com as artes aconteceu ainda na infância, aos 12 anos, quando ingressou no grupo de teatro da escola e interpretou um cardeal português na peça "A ceia dos cardeiais", de Júlio Dantas.
Mais tarde, dois anos após concluir a faculdade de Engenharia, matriculou-se num curso de teatro com um diretor americano recém chegado do Actor’s Studio, associação de atores profissionais, diretores de teatro e roteiristas em Nova York. Em seguida, em 1966, montou sua primeira peça de teatro "Somos todos do jardim de infância", em espetáculo encenado na varanda do apartamento onde morava. Sucesso de crítica, a montagem lançou a atriz Leila Diniz, com quem Domingos era casado na época — mais à frente, a trama teatral seria adaptada para a TV, como parte do programa "Caso especial" (1972), da Globo.
Na emissora carioca, aliás, Domingos foi o segundo produtor a ser contratado (o primeiro foi Haroldo Costa). Em 1963, depois de trabalhar como redator da extinta revista "Manchete", foi convidado por Abdon Torres para fazer a programação da Globo, que estrearia dois anos depois. Quinze dias antes da inauguração do canal, no entanto, Abdon Torres foi substituído por Mauro Salles na direção da emissora, e grande parte da programação até então desenvolvida não entrou no ar.
Apesar disso, Domingos permaneceu na Globo à frente do programa Show da Noite , apresentado por Glaúcio Gil. Ele produzia e dirigia a atração transmitida ao vivo de segunda a sexta-feira, ao lado de Renato Consorte, Haroldo Costa, Oswaldo Waddington e Wilson Rocha.
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