terça-feira, 31 de julho de 2018

Trama medieval chega ao fim

Bia Arantes (Foto: reprodução) | Marina Moschen (Foto: Artur Meninea/TV Globo)
"Deus Salve o Rei" chega ao fim com saldo positivo

Foi ao ar ontem, segunda-feira (30/07), o último capítulo de "Deus Salve o Rei", seu folhetim medieval das sete. E a trama querendo ou não terminou com um saldo positivo.

A novela entra para a história como uma das mais pretensiosas já produzidas pela Globo, e como vimos o risco era enorme e o investimento imenso. Vimos os mais modersos recursos de computação gráfica e efeitos especiais, o que pra muitos foi um verdadeiro show de exibicionismo técnico. Sem dúvida nenhuma cenários, figurinos e arte que não deixam nada a desejar ás melhores produções medievais estrangeiras.

Muita gente logo de cara, afirmou que a trama era mirar o público de séries, com temas medievais, como, por exemplo "Game of Thrones"; além de trazer um público jovem, o folhetim me traz Bruna Marquezine e Marina Ruy Barbosa como protagonistas e Tatá Werneck como grande destaques, as três tem uma legião de fãs jovens, pra se ter uma noção, as três juntas no Instagram somam quase 80 milhões de seguidores. A Globo quer a manutenção do público jovem, que parece estar cada vez mais afastado da TV aberta, ainda mais neste horário.

A Globo arriscou e ousou, mudando a tradicional formula da faixa das sete, que na maioria das vezes é comédia (romântica, de preferência). "Deus Salve o Rei" optou por seguir uma linha diferente, parecia uma trama escura. E nela começamos a ver uma sucessão de erros, parecia que o autor Daniel Adjafre (em sua primeira novela solo), estava completamente perdido, tudo parecia acima do tom, a interpretação dos atores (Marco Nanini, Bruna Marquezine acima tom, Caio Blat - de cara amarrada em todas as cenas, Rômulo Estrela falando baixo demais em diversos momentos etc), as falas, um roteiro perdido. Um grande erro da direção, que graças a Deus correu para acertar os erros.

Nos seus primeiros meses, como já disse, muitos afirmaram que a novela era um show de exibicionismo, uma embalagem linda, mas que não tinha conteúdo que conseguisse faze-la seguir em frente. Teve um momento, que cheguei a me perguntar, qual era a história de "DSOR".

Bruna Marquezine modificou o tom (como diria o autor Nilson Xavier do site Teledramaturgia - Bruna estava robótica nos primeiros meses do folhetim), ainda bem que a direção da novela e da emissora conseguiram entender os caminhos errados e conseguiram tomar a decisão para voltar atrás e corrigi-los. Muitos chegaram a estranhar a atuação de Bruna, mas depois das mudanças com uma atuação diferente e naturalista, ela deu a volta por cima e fez de Catarina - uma das melhores personagens da novela, palmas pra Bruna, que foi excelente. E também, aplausos pra direção que concertou os erros.

Ao ficar claro que Daniel estava perdido em seu roteiro, a direção da emissora (leia-se Silvio de Abreu), logo convocou alguém para ajudar a salvar a novela da tragédia (a audiência já estava patinando nesse momento) - e o escolhido foi Ricardo Linhares, que ao lado de Daniel, providenciaram grandes mudanças, como a fome, a peste, a guerra, a morte. Além dos sumiço de vários personagens, vítimas da guerra ou da peste, como Cássio (Caio Blat) - que se não me engano fará a próxima novela do Aguinaldo Silva. Martinho (Guilio Lopes), pai de Amália, e Saulo (João Vithor Oliveira), um soldado. Outra grande mudança, foi a chegada de Alexandre Borges, que foi convocado para ser o grande vilão da novela - a trama ganhou dinamismo e para alegria de todos a audiência subiu.

Marina Ruy Barbosa e Rômulo Estrela (Foto: Artur Meninea/TV Globo)

A história era fraca, se não fosse as mudanças não teria como sustenta-las por muito tempo, equivocos, muito inconsistente, um roteiro perdido; um exemplo disso: o rei, apresentado como honrado e justo, que abandona seu povo à própria sorte nas mãos do irmão pateta e incompetente pelo amor de uma plebeia do reino vizinho, que por sua vez se negara a reinar com ele.

Outra coisa, Romulo Estrela e Marina Ruy Barbosa não tinham química, o casal não tinha muito a simpatia de boa parte do público, e pra muitos entra pra galeria dos chamados "casal sem sal". O público torceu muito mais por Rodolfo e Lucrecia ou Selena e Ulisses. 

Com as mudanças na história, as bruxas ganharam mais destaques, principalmente Brice (Bia Arantes) - falando nisto que atuação desta!

Vamos aos grandes destaques da trama, que independente do roteiro, brilharam do início ao fim - Marina Moschen, como a bruxa guerreira Selena (a atriz é muito talentosa, possui muito potencial e pra muitos foi a grande protagonista da novela, superando Marina Ruy Barbosa - não que esta estivesse mal. O outro grande destaque foi Johnny Massaro, como o príncipe Rodolfo - fantástico na dobradinha com Tatá Werneck. Massaro teve ainda mais brilho, pois lidou muito bem as mudanças de personalidade de seu personagem - no período ruim do folhetim. E não poderia deixar de citar Bia Arantes, como falei acima, ela é uma atriz muito talentosa - espero vê-la em outras novelas, tendo destaque. 

Mesmo com todos os problemas, "DSOR", não deve ser considerada um fracasso, pois o folhetim atendeu ás expectativas mínimas da Globo. Chegou ao final com uma média gerak de 25.50 pontos no Ibope da Grande São Paulo. Mas é um número inferior às últimas quatro produções do horário: "Pega Pega" (28.80), "Rock Story" (25.90), "Haja Coração" (27.50) e "Totalmente Demais" (27.40). Ganha apenas de "I Love Paraisópolis", de 2015, que fechou com 23.50 pontos (curiosamente, também com Marquezine, Tatá e Alexandre Borges). 

O saldo é positivo, pois os problemas conseguiram ser contornados, e ponto pra Globo que tentou oferecer algo novo ao público. E com o crescimento do Ibope na reta final (a novela obteve um grande ganho de audiência em seu último mês), a Globo minimizou os problemas e coloca a produção como vitoriosa. Segundo Nilson Xavier - autor do site Teledramaturgia - "Não me admiraria se a novela concorresse ao Emmy e ganhasse: pelo menos a embalagem é de encher os olhos".













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Incrível

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