Há 15 anos, a Globo estreava a segunda versão de #CirandaDePedra, escrita por Alcides Nogueira, protagonizada por Ana Paula Arósio e Marcello Antony que registrou apenas 22.0 pontos de média geral.
Nova adaptação do famoso romance de Lygia Fagundes Telles (publicado em 1954), que já havia rendido uma novela de sucesso em 1981, adaptada por Teixeira Filho, com Eva Wilma (Laura), Adriano Reys (Dr. Prado), Armando Bógus (Daniel) e Lucélia Santos (Virgínia) nos papeis principais.
Este não foi um remake da novela de 1981, mas uma nova adaptação do livro “Ciranda de Pedra”. Sendo assim, tramas e personagens criados por Teixeira Filho na novela original não apareceram nesta nova produção. Bem como novas histórias com novos personagens foram criados por Alcides Nogueira para a nova versão televisiva do livro.
A maior mudança, segundo Alcides, foi a questão da ambientação da trama, já que a nova versão se passa em 1958, ano considerado pelo autor como marcado por grandes transformações – ao contrário da novela anterior, que se passava na década de 1940.
Pesquisas de opinião, feitas na segunda semana de junho (pouco mais de um mês após a estreia), mostraram que o público rejeitava a saída de Ana Paula Arósio, cuja personagem Laura, a exemplo da versão de 1981, morria no decorrer da história. Laura deveria sair por volta do capítulo 80, porém, os autores decidiram deixá-la até o final.
Esta acabou sendo a principal diferença entre as duas versões de Ciranda de Pedra (1981 e 2008). Laura virou a protagonista absoluta da novela, em detrimento de Virgínia (Tammy Di Calafiori), que – como no livro – permeava toda a trama em 1981, quando a personagem foi vivida por Lucélia Santos.
Além do público ter caído nas graças de Laura, contribuiu para este fato a pouca experiência de Tammy Di Calafiori para viver um papel com tamanho peso.
Mesmo com 32 anos de idade, Ana Paula Arósio interpretou mãe de personagens vividas por atrizes com idade entre 19 e 23 anos. Em entrevista à colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo, a atriz, espirituosa, comentou o rápido envelhecimento de suas personagens:
“Digo que as coisas na Globo são muito rápidas: na primeira novela, você é a filha da mocinha; na segunda, é a mocinha; na terceira, é a mãe da mocinha!”.
Assim como aconteceu com a novela antecessora (Desejo Proibido), Ciranda de Pedra teve a pior média geral de audiência para o horário das seis na década. Até 2007, a menor média vista era a de Sabor da Paixão (2002-2003), com 24 pontos na Grande São Paulo. Desejo Proibido bateu este recorde, com 23 pontos. Ciranda de Pedra fechou com 22.
A trama sucessora, Negócio da China, conseguiu derrubar a audiência da faixa ainda mais. Foi um período difícil para o horário das seis da Globo, com uma sequência de novelas de baixo Ibope.
No romance original, a personagem Letícia era lésbica, diferente das duas adaptações feitas para a televisão (com Mônica Torres em 1981 e Paolla Oliveira em 2008). Na primeira versão da novela, o tema não pôde ser abordado por causa da Censura Federal. Na segunda versão, o autor justificou que não gostaria que a novela sofresse problemas com o Ministério da Justiça, pois temia que temas polêmicos prejudicassem a classificação etária da novela. Mesmo assim, nos últimos capítulos, Letícia (Paolla Oliveira) vai viajar acompanhada de uma “amiga”, como sugere a cena.
Mônica Torres, que havia atuado na primeira versão como Letícia, agora voltava como Lili, a mãe de Letícia – personagem interpretada em 1981 por Ana Lúcia Torre.
O ator José Augusto Branco, que também participou da novela de 1981, como o médico Alceu Ladeira, voltou como Silvério, empregado na mansão da família Prado.
O ator Samuel Assis, que na trama interpretava o químico industrial Emiliano, foi dispensado da novela depois de uma avaliação interna realizada pela emissora que constatou que seu personagem não havia funcionado.
A cena final de Tammy Di Calafiori, a Virgínia, como líder estudantil, no último capítulo, contou com a participação da equipe técnica da novela, como os manifestantes.
A música-tema da abertura, “Redescobrir”, cantada por Elis Regina, já havia servido à abertura de outra novela: Razão de Viver, exibida pelo SBT em 1996.
O remake de Ciranda de Pedra nunca foi reprisado.
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