"Um Lugar ao Sol", folhetim de Lícia Manzo está em sua reta final e vejamos da divulgação nas coletivas online, que Lícia deixou claro que sua novela não era uma mera trama de gêmeos, como tantas que nós telespectadores, já vimos.
E com o passar do tempo a explicação dela ficou bem clara, passou longe de ser isto. Ela teve a ousadia em matar Renato (Cauã Reymond) logo no começo do enredo e depois focar apenas na saga de Christian (Cauã) usurpando a vida do irmão foi merecedora de elogios.
Lícia optou pelo mais difícil: confiar na potência de sua narrativa e evitar situações óbvias envolvendo trama de gêmeos. Não teve gêmeo bom e gêmeo mau. O jovem Renato era inconsequente e problemático, mas passou longe da vilania. Christian era um sujeito íntegro, mas também estava longe de ser uma pessoa boazinha.
Ambos eram sujeitos repletos de contradições. Depois de um tempo, ao chegar no lugar que tanto almejou, ficou claro que o falso Renato se transformou em algo muito pior que seu irmão.
Mesmo com alguns problemas no decorrer da trama, como, por exemplo, alguns conflitos que acabaram caindo na repetição e a edição dos capítulos por conta de um esticamento forçado pela Globo, "Um Lugar ao Sol" tem muita qualidade.
Vejo nas redes sociais, as pessoas reclamando a ausência do Renato. Boa parte do público, esperava uma volta triunfal do irmão morto para desmascarar Christian, mesmo após a cena exibida nas primeiras semanas, quando Lara (Andreia Horta) viu o corpo de Renato no Instituto Médico Legal (IML) e achou que era de Christian.
A possibilidade do retorno, nunca existiu. Renato foi metralhado pelos traficantes que cobravam uma dívida de Christian. Todavia, parte do público, ainda pensando nessa possibilidade. O fato é que a esperança do público, apenas mostra que muitos não vivem sem um clichê, clichê este que é muitas vezes ridicularizado por essas próprias pessoas que estão pensando nessa alternativa.
Se Renato volta-se, Lícia seria completamente massacrada pela crítica, pois a maioria dos críticos detestam clichês e plots.
Só que o ama mesmo fingindo detestar para não parecer ‘menos inteligente’. Eu não sou contra o clichê. Todo bom folhetim precisa dele. Há autores que usam muito e outros que aproveitam menos. Depende do estilo de cada um e tudo bem. Existem produções para todos os gostos.
"Um Lugar ao Sol" é uma novela que ousou na narrativa. Fugiu do óbvio, ainda que tenha todos os elementos clássicos dos folhetins. Lícia Manzo foi corajosa e merece reconhecimento.
Ao mesmo tempo, a trama provou que muita gente reclama de clichês mas, no fundo, não sabe viver sem eles.
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