quinta-feira, 18 de outubro de 2018

De volta a fantasia

Devido a realidade tão terrível, Aguinaldo Silva volta pra fantasia em "O Sétimo Guardião"

O autor Aguinaldo Silva, um dos melhores pra muitas pessoas, esta de volta ao horário nobre e de volta ao realismo fantástico, ás da estreia de seu novo folhetim "O Sétimo Guardião", que estará no ar em 12 de novembro, e finalizando mais uma de suas masterclasses, em São Paulo; a fera deu uma entrevista ao escritor e blogueiro Ricardo Pierocini, nela Aguinaldo fala sobre a carreira, as aulas e a nova produção. Alguns trechos desse delicioso bate-papo:

Você havia dito que não gostaria mais de escrever sobre realismo fantástico. O que o fez mudar de ideia com "O Sétimo Guardião"?
O fato de a realidade estar muito mais forte do que a ficção. Não dá para ser realista nesse mundo. Os acontecimentos são tão terríveis que decidi voltar para o mundo fantástico, para tentar sair desse mundo terrível em que a gente vive.

O que é um primeiro capítulo perfeito? O que precisa ter?
É aquele que apresenta claramente ao telespectador a história que vai ser contada. Se ao final do primeiro capítulo ele não souber, não adianta!

Gostaria de reescrever alguma novela sua?
Novela é como o jornal. Não existe mais nada velho amanhã do que o jornal de hoje. Eu acho que a novela funciona naquele momento exato em que entra no ar. Uma segunda versão já não é a mesma coisa. Uma segunda "Tieta" não seria como a primeira.

O vem à sua mente sobre "Vale Tudo"?
As diferenças de horário entre eu e o Gilberto [*], porque ele acordava às 4 da tarde e eu ia dormir às 11 da noite. A gente, para se encontrar era um drama. Trabalhávamos juntos em locais diferentes e não no mesmo horário. E sem internet.

"Tieta"? 
A Glória Perez ia entrar com "Barriga de Aluguel", que estava em produção. Daniel Filho me ligou dizendo que eu viria na próxima novela das oito, com "Tieta". 'Você tem que entregar vinte capítulos em dois meses', ele disse. Mas como, não tem a novela da Glória antes? E ele disse que ela viria depois. 'A que vai entrar é Tieta e é você quem vai escrever'. Isso é uma loucura, né!

A Indomada"? 
Talvez seja a novela que mais gosto das que eu fiz. Fui num período muito bom na minha vida.

"Senhora do Destino"? 
Foi a minha virada como roteirista. Porque eu vinha fazendo uma série de novelas no realismo fantástico e precisava provar que eu era capaz de fazer uma novela realista. Usei muito a história de minha mãe – que se chamava Maria do Carmo Ferreira da Silva, o nome da protagonista – e os nordestinos. E usei uma trama que se passa [começa] durante um dos momentos mais tristes da História brasileira, que foi o mês em que foi decretado o o Ato Institucional número 5 pela ditadura. A novela foi um sucesso e eu provei que podia sair daquele universo meu de realismo fantástico e escrever sobre coisas realistas.

"Porto dos Milagres"? 
Hoje em dia eu gosto mais, mas confesso que foi com ela que entrei nessa crise de ter que mudar. Achei que estava me repetindo muito. Escrevi duvidando da minha capacidade. Por isso depois eu fiz "Senhora do  Destino”.

"Duas Caras"? 
Tinha uns problemas de estrutura, reconheço. Mas funcionou.

Das várias qualidades e características de cada autor, o que você extrairia?

Gloria Perez: a loucura, a imaginação louca e maravilhosa que ela tem.
Manoel Carlos: a sofisticação dos diálogos. 
Gilberto Braga: o conhecimento que ele tem da classe média brasileira.
João Emanuel Carneiro: a juventude! Ele tem um futuro enorme pela frente. Vai escrever muitas novelas ainda. 
Walcyr Carrasco: o atrevimento. Ele acabou uma novela agora e já vai fazer outra! 
Aguinaldo Silva: a persistência. Sou obsessivo e levo muito a sério o que faço.

Se você tivesse que se ausentar durante uma novela, a entregaria nas mãos de qual autor? 
Escolheria o Ricardo Linhares, que foi meu parceiro de muitos anos.

Qual conselho você daria a um aspirante a autor de novelas? Você precisa levar sua profissão a sério. Porque as pessoas até podem falar "ah, mas televisão não é algo sério". É seríssimo. Uma emissora de televisão que atinge 60 milhões de pessoas é algo seríssimo. Você tem que ter cuidado com o que diz. É uma responsabilidade muito grande.


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