sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Doze anos de seu falecimento

 DOZE ANOS DE SUA MORTE NESTE DIA 29 DE SETEMBRO... 


ADEUS A ACHILLES CHIROL, QUE UNIU A EMOÇÃO À ÉTICA NO FUTEBOL - POR PEDRO CUNHA


Nota: transcrito na íntegra da Tributa da Internet, publicado em 1º de outubro de 2011. Foto que ilustra o post acervo Sergio Du Bocage. 


Na manhã de quinta-feira, ao lado de sua mulher Edith, depois de dormir alegre com a vitória da Seleção Brasileira, o jornalista Achilles Chirol, que foi editor de esportes no Correio da Manhã, colunista de O Dia, integrou a mesa de debates da TV-E, deixou de viver. Tenho certeza que voou para o céu. Um dos últimos sobreviventes de uma geração que está desaparecendo com o passar do tempo, ao longo de sua vida profissional uniu a emoção à ética no futebol. No futebol só não. Tanto na magia das histórias de bola quanto nas demais modalidades do enfrentamento eterno que nasceu com a essência humana, desde que o mundo é mundo – como se dizia.


Pertencemos praticamente à mesma aventura, ele no futebol, eu na política, ambos na redação do Correio da Manhã, na passagem da década de 50 para a de 60. Era firme, sereno e brilhante, qualidades que aliava a uma honestidade absoluta, sem alarde, mas concreta. O apoio que ele destinou à candidatura de João Havelange para presidir a antiga CBD, hoje CBF, foi fundamental em 1957.


Estamos falando do Correio da Manhã, jornal de maior peso de uma época que se foi, principalmente no campo da opinião. Na redação, vale acentuar, trabalhavam três grandes editorialistas da imprensa brasileira: Otto Maria Carpeaux, Franklin de Oliveira e Álvaro Lins, que no início dos anos dourados foi Chefe da Casa Civil do presidente Juscelino.


Achilles, nos artigos que assinava, captou o estilo condoreiro dos editoriais. Quando recebi a notícia de sua morte, um deles me veio à lembrança: “Sem Pelé”, um título curto, forte, mas de sentido amplo inexcedível. Tínhamos sido campeões do mundo em 58, com Havelange na Confederação. Da Suécia, partíamos em busca do bi no Chile. Mas na primeira partida, contra a Tchecoslováquia, o rei chuta mal uma bola e distende o músculo. A torcida brasileira, e o próprio país, contavam com o gênio. Quando veio a notícia confirmando que estava fora da Copa, surgiram a decepção, a ansiedade, a dúvida. Foi então que de Santiago, onde se encontrava chefiando a cobertura, ele escreveu: “Sem Pelé”.


E disse no texto: Se a seleção para vencer dependesse de um só homem, por mais genial que ele seja, não seria o futebol brasileiro. Vamos em frente, vamos à luta, confiemos em Amarildo, o substituto.


Vencemos com o “Possesso”, como Nelson Rodrigues o chamava, conquistamos a Copa. O eco do artigo de Achilles continua no futebol e fora dele. É um hino ao esporte, um hino à própria vida, que é também luta. No “Ser e o Nada”, sua maior obra, Sartre afirma que às vezes a falsa coragem aguarda as falsas ocasiões. A verdadeira coragem é, ao longo da existência, enfrentar os pequenos inimigos do dia a dia. As seleções das equipes esportivas, incluídas nestas os atores dos confrontos individuais, estão cheias de insubstituíveis que foram substituídos e os substitutos deram certo. A expressão “Sem Pelé” é uma centelha na consciência humana. Assim não fosse, não seríamos tetra e pentacampeões do mundo. Os ídolos se renovam. Os gênios também.


Em busca do hexa, vamos a 2014, mas agora sem Achilles Chirol nas teclas, na ética, na emoção, no jornalismo. Sua atuação ao longo da vida foi bela e exemplar. Jamais cometeu um deslize, desses veniais, como o de usar a página, que é dos leitores, para, por exemplo, valorizar o passe de um jogador. Ou para abalar a posição de um treinador para que um técnico amigo o substituísse.


No adeus que dirijo a ele, vejo, sua imagem fechando na redação da Gomes Freire mais uma página, a última das milhares que deixou para a história esportiva brasileira.


MINHAS CONSIDERAÇÕES: ESSE É O TIPO DE JORNALISTA QUE FAZ MUITA FALTA NA CRÔNICA ESPORTIVA. SEMPRE FUI FÃ DE SEU TRABALHO, NO JORNAL E NA TELEVISÃO. 


Achilles Chirol, Sergio Du Bocage e Januário de Oliveira (anos 1980).


Fonte: Tadeu Miracema



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