HOMENAGEM A MARCELININHO TOSTES, DO JORNAL PÁGINA UM
POR BEBETO ALVIM
Nota: transcrito de seu Blog Moinho de Paz, publicado em 13 de janeiro/2009.
Os miracemenses fautores da cultura da "TERRINHA" devem cuidar para que o "Baú do Marcelino", que hoje se cala, não fique "fechado". O seu conteúdo é bastante para mostrar a riqueza da capacidade do seu mentor.
“Eu só queria dormir!”
Porém os fantasmas voltaram a atacar. Na verdade, eles não “atacam”, apenas visitam os que para eles foram importantes. E como são agradáveis as suas aparições!
Certa vez, comentei com familiares sobre eles. Uma sobrinha, assustada, perguntou aflita: lá, em Atafona, tem fantasmas? – Não é bem assim! Disse-lhe. E contei um caso: “Panela de pressão, água, feijão e carne-seca – ingredientes certos para acompanhar a cerveja do domingo porvir. Isso, em torno da meia-noite. Encosto a ver um documentário enquanto espero o cozimento. No meu sonho, surge o Orlando Mercante da Cunha, meu cunhado (falecido uns quinze dias antes), que diz que eu o abandonei e que vai embora. Eu retruquei e me levantei para agarrá-lo e não deixá-lo ir de novo. Na solidão da minha casa, as brumas pareciam tomar conta. Nada disso: era fumaça vinda da panela que, avermelhada, ensejava um desastre. Seu pai me salvou, Luciana”!
Hoje, além dos antigos, que povoam e rondam minhas cercanias e meus devaneios, infelizmente, surgiu mais um. E olha que eu tentei escrever pra ele (o rascunho está na minha mente).
Esse, o mais recente, é bem novo - apareceu de ontem para hoje.
É meu “velho” conhecido. Nascemos no mesmo lugar e na mesma época. Gostávamos de algumas coisas comuns. Nem todas. Nem mesmo os mesmos lugares. Não trilhamos os mesmos caminhos. Mas, gostávamos de algumas coisas comuns.
A literatura, que nos transporta ao saber e à cultura, era uma delas. Eu fiz pouco por ela – talvez por deficiência de capacidade, talvez pela premência da necessidade. Fui um burocrata de plantão, enquanto ele era de opção. Fez bonito. Resgatou memórias, fez até jornal.
Mas, eis que o destino (sempre ele!) aparece e muda o curso da História. E lá está o que eu torcia para não ler! “Ele se foi!”. Pena! “Eu perdi, tu perdeste, todos perderam”.
Dói em mim saber que não tive a oportunidade de, com ele, trocar informações depois da libertação dos grilhões da alienação econômica. Dói em mim saber que ele ainda tinha muita vontade de dar de si. Dói em mim saber que o destino nem sempre é justo. Desculpem-me aqueles que acreditam que o destino é sempre um desígnio divino.
Meu lamento ao Sr. Reinaldo Tostes e à D. Ana Alvim, bem como aos demais familiares e amigos.
“Marcelininho, cuidaremos do seu “Baú!”
Beijos e abraços,
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