MIRACEMA EM FATOS & FOTOS...
LOJA SAMARITANA: 80 ANOS DE HISTÓRIAS
POR MARCELO SALIM DE MARTINO
Há várias maneiras de se contar a história de uma cidade. Podemos narrar os gestos heroicos de seus homens e mulheres, descrever seus feitos históricos ou ainda enumerar suas conquistas e efemérides. Mas a história que pretendemos contar aqui fala de valores afetivos e emocionais.
No dia quatro de dezembro de 2013, a Loja Samaritana completou oitenta anos de sua fundação. Em 1933, apenas quatro anos após a grande depressão econômica que havia afetado duramente o Brasil, surgia em Miracema a Loja Samaritana, propriedade de Francisco Damasceno, oriunda da antiga sociedade comercial Damasceno & Cia formada pelos irmãos Virgílio e Francisco, membros de tradicional família mineira que tantos e relevantes serviços têm prestado a nossa cidade desde que aqui aportou na segunda metade do século XIX o seu progenitor João Rosa Damasceno.
Com o fim da sociedade, Francisco montou e inaugurou no dia quatro de dezembro de 1933 uma modesta casa comercial na qual havia apostado todas as suas economias obtidas com a venda de seu único bem, sua residência. Em 1951, foi inaugurada a loja atual com novas e modernas instalações, as mesmas usadas até hoje, com suas vitrines de influência déco e piso de ladrilho hidráulico, fabricado em Miracema que, resistente aos anos de intensa movimentação de seus fregueses conserva o seu colorido vibrante e que, por opção, bom gosto, sensibilidade e consciência de seus proprietários, felizmente, sobreviveu às tentativas de especulação e foi preservado. A Loja modernizou-se sem perder as características da época em que foi reinaugurada. Adequou-se à tecnologia do século XXI, comprovando que, passado e presente, podem conviver sempre em harmonia.
Muito mais que uma casa comercial, a Loja Samaritana tornou-se um local de valor afetivo em nossa cidade. Os momentos mais felizes, aqueles que evocam sentimentos agradáveis ficam marcados para sempre em nossas lembranças.
Não há quem não tenha vivido em Miracema que, ao passar e ao olhar para as vitrines da Samaritana, não consiga se lembrar de seus produtos em exposição, do cheiro dos perfumes da Myrurgia – Promesa, Maja, Maderas do Oriente; dos grandes vidros com bolas de gude multicores e de tantos outros produtos que ainda povoam nossa memória.
É difícil não se lembrar das impecáveis seções de armarinho, perfumaria, porcelanas, cristais, prataria, roupas prontas, jóias, instrumentos musicais, cutelaria, livraria, artigos escolares, brinquedos e a papelaria mais completa da região com toda aquela diversidade de artigos, que iam de penas metálicas para escrita gótica a cartões para comunicados de noivados. E os brinquedos e artigos natalinos que a partir do mês de novembro ocupavam vitrines e prateleiras da seção de vidraçaria, material elétrico e ferragens que ficava no prédio ao lado, simetricamente arranjados nos balcões, prateleiras e vitrines que haviam pertencido à loja primitiva?
Nesses oitenta anos de existência, a Loja Samaritana e outras tradicionais casas comerciais da cidade, como Ao Rei dos Barateiros, de José Ferreira de Assis e Casa Marcelino (A Predilecta), de Marcelino Pereira Tostes, resistiram às inúmeras mudanças do sistema monetário brasileiro e a outros fatores que fizeram desaparecer outras conhecidas e importantes casas comerciais de nossa cidade.
Que o empreendimento iniciado por esses grandes e valorosos homens que ajudaram a escrever parte da nossa história tenha vida longa e que seus nomes sejam sempre lembrados com orgulho, reconhecimento e carinho por todos nós.
NOTA: TRANSCRITO NA ÍNTEGRA DO JORNAL LIBERDADE DE EXPRESSÃO, EDIÇÃO Nº 170, FEVEREIRO/2014.
Nenhum comentário:
Postar um comentário