quarta-feira, 26 de julho de 2023

25 anos de seu falecimento

 VINTE E CINCO ANOS DE SUA MORTE NESTE DIA 26 DE JULHO... 


AYMORÉ MOREIRA: UM MIRACEMENSE CAMPEÃO DO MUNDO


Com a morte de Aymoré, ocorrida em Salvador-BA, em 26 de julho de 1998, por falência múltipla dos órgãos, terminou a última dinastia familiar do futebol brasileiro, formada pelos três irmãos, que durante muitos anos fizeram parte da história do esporte nesse país. Zezé, Aymoré e Airton, conseguiram um fato raro em todo o mundo, onde três irmãos, à mesma época, destacaram-se desempenhando a mesma função de técnico de futebol. 


Foi na chamada “Boa Terra”, em Salvador, que, Aymoré Moreira escolheu para descansar depois de uma vida tumultuada, percorrendo três continentes, vivendo intensas emoções como jogador e técnico de futebol. Daqui saiu muito cedo, seguindo os passos do irmão mais velho, Zezé Moreira, no Rio de Janeiro. Começou como goleiro do Miracema F. C.,


Aymoré já estava internado na Clínica em decorrência de problemas renais e do coração. Doze anos antes implantou quatro pontes de safena e duas mamárias, que o obrigou a se afastar definitivamente dos gramados. Sempre dizia que o futebol, para ele, “era uma cachaça”. Deixou a mulher, Neide, e dois filhos, Sheila e Eder Moreira. Inclusive, o seu filho tentou seguir a carreira de técnico, mas não teve a mesma sorte do pai. Chegaram a trabalhar juntos, no ano de 1985, como técnicos da Catuense, onde o Eder dirigia o time de juniores. 


Nascido em 24 de abril de 1912, na cidade de Miracema-RJ, iniciou a sua longa carreira no futebol como goleiro do Sport Club Brasil, equipe amadora do Rio, aos 18 anos, em 1930, levado que foi pelo seu irmão mais velho, Zezé Moreira, que já estava estabelecido na cidade.


Ao deixar Miracema, Aymoré saiu com dois propósitos: seguir o Zezé no futebol ou o Aderbal como músico, tocando alguma coisa, na sua orquestra. O futebol acabou sendo o destino e o tempo comprovou que a escolha foi acertada. Engana-se quem pensa que ser goleiro foi sua primeira opção. Começou como zagueiro – a posição predileta, apesar de sua baixa estatura – e depois foi deslocado para a extrema-direita. Ser quíper (goleiro) veio por acaso – fato comum a tantos outros – que na falta de um para ocupar o arco, ele foi o escolhido e não decepcionou. Tomou gosto e sempre teve muito orgulho da posição. 


Aymoré jogou também no América (RJ) – 1932/33, no Palestra Itália (atual Palmeiras) – 1934/35 (campeão paulista de 1934), e transferindo-se no ano seguinte para o Botafogo (RJ), onde permaneceu até 1946, quando encerrou a carreira. No ano de 1941, teve uma breve passagem pelo Fluminense, mas logo retornou ao Botafogo. Em 1932, com apenas vinte anos, e apesar da baixa estatura para a posição, já era considerado um dos melhores goleiros do Brasil, o que o levou a defender a Seleção Brasileira em quatro jogos, entre os anos de 1932 e 1940. Muitos não acreditavam no seu valor, pelo fato de ele não ter aquilo que se convencionou chamar de altura ideal para goleiro. Ele impressionava com seu estilo arrojado e magnífico senso de colocação. A imprensa que acompanhava os jogos do Botafogo naquela época, logo o apelidou de “guarda-redes elástico e voador”. Como jogador, foi certamente o mais famoso dos irmãos.  


A carreira de técnico começou no Olaria (RJ), em 1947, após cursar a Escola de Educação Física, no Rio. De acordo com a informação do memorialista miracemense, Maurício Monteiro, foi como técnico do Olaria que Aymoré esteve em Miracema e levou alguns jogadores para o Rio, entre eles, José Souto e Lauro, o Lauro Cândido de Carvalho – o clássico – que encantou o treinador com o seu futebol vistoso e elegante, e que abrilhantava as tardes de domingo em Miracema, defendendo as cores do Tupan, ao lado de Cyro e Cleto, nos embates com o Esportivo de Boaventura e o Miracema do Ferrugem, Molequinho e tantos outros craques do passado.


Ainda no Rio dirigiu o Bangu, São Cristóvão e Flamengo – 20 jogos; no estado de São Paulo, comandou a Portuguesa de Desportos – 206 jogos, Palmeiras – 193 jogos (campeão do Torneio Roberto Gomes Pedrosa em 1967), São Paulo – 63 jogos, Corinthians – 56 jogos (campeão do Torneio do Povo em 1971), Taubaté e Ferroviária; em Minas Gerais, América e Cruzeiro – 15 jogos; na Bahia, Vitória, Bahia, Catuense e Galícia, onde encerrou a carreira. No exterior foi técnico do Porto – 28 jogos, e o Boavista – 63 jogos, ambos de Portugal; na Grécia, comandou o Panathinaikos. Aymoré ficou marcado como um treinador inteligente, que sabia como poucos mexer no time durante uma partida e orientá-lo no sentido de não ficar atrelado a um só sistema de jogo. Sempre foi estudioso, procurando acompanhar a evolução do esporte. Ele deu-se ao luxo de não aceitar uma proposta para trabalhar no Barcelona, em 1967. Imagine nos dias atuais um técnico rejeitar uma proposta do time espanhol. Os tempos eram outros, mas o Barcelona, naquela época, já era um gigante da Catalunha. 


Um fato pouco lembrado é que o Bangu, sob o comando técnico de Aymoré Moreira, em 30 de julho de 1950, quatorze dias após a final da Copa de 50, conquistou o Torneio Início do Campeonato Carioca. Foi o primeiro torneio de clubes disputado no Estádio do Maracanã.  Sendo, portanto, Aymoré o primeiro treinador a levantar uma taça em nível de clube.  


Mas foi na Seleção Brasileira que teve a sua melhor fase. Além do bicampeonato mundial em 1962, conquistou também a Copa Roca (contra a Argentina), a Taça Rio Branco (contra o Uruguai), a Taça Bernardo O`Higgins (contra o Chile), e a Taça Oswaldo Cruz (contra o Paraguai). Como treinador da Seleção Paulista, conquistou os títulos de 1952/55/57 e 59. Na Seleção foi treinador em três períodos – de 1961 a 1963, em 1965 e 1967. O seu retrospecto como técnico da Seleção em jogos oficiais é o seguinte: 63 jogos; 38 vitórias; 9 empates; 16 derrotas. 


Na Copa do Mundo de 1970, no México, além de escrever uma coluna semanal para a revista Placar, Aymoré atuou como olheiro de Zagallo. Foi o autor intelectual do quarto gol brasileiro contra a Itália. Desenhou a jogada em um guardanapo, no hotel. O time executou perfeitamente com a conclusão no petardo de Carlos Alberto. Um gol inesquecível! 


Aymoré tinha o apelido de “Biscoito” por uma coincidência de nomes – no início de sua carreira, em 1930, como goleiro do Sport Club Brasil, a Biscoitos Aymoré era a mais popular fabricante de biscoitos do Rio.


Ainda sobre a sua ligação com a cidade de Salvador, onde era muito querido e respeitado – recebeu até o título de Cidadão Soteropolitano – foi ali que escolheu fixar residência desde 1979. Por coincidência, encerrou a sua carreira dirigindo um time baiano. Depois de aposentado dos campos, passou a escrever artigos para jornais e trabalhou como comentarista esportivo de rádio. 


Após muitos anos sem visitar a terra natal, retornou em janeiro de 1993, mais precisamente nos dias 16 e 17, quando os irmãos Moreira foram homenageados pela Associação Atlética Miracema, recebendo o título de “Sócio Benemérito” do clube. Ainda dentro das comemorações, fizeram o ato de descerramento da placa que os homenageava com o nome “Irmãos Moreira”, o estádio da Associação. Aymoré esteve presente acompanhado de seu irmão Zezé e dos também desportistas, Ademir Menezes, o “Queixada”, e do então presidente da Federação Carioca de Futebol, Eduardo Viana. Em 1995, retornou a Miracema, pela última vez, para junto aos demais irmãos receber o título e a homenagem aos “Miracemenses Ausentes”, na festa de aniversário de emancipação do município.





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