Terminou na última sexta-feira (24), "Bom Sucesso", que foi aclamada pela crítica e imensamente prestigiada pelo público. O folhetim fez imenso sucesso e registrou a maior audiência da faixa das 19 horas em sete anos: média final de 29 pontos no Ibope da Grande SP, ficando atrás apenas de Cheias de Charme, de 2012.
A trama escrita pela dupla Rosane Svartman e Paulo Halm, com direção artística de Luiz Henrique Rios - trouxe ao telespectador um texto de imensa qualidade, personagens agradáveis, enriquecedores e memoráveis, que ficaram pra sempre na memória dos apaixonados por telenovelas. Os autores nos proporcionaram um novelão, com uma reflexão sobre a finitude da vida, tendo a Literatura como alegoria, conduzida de forma envolvente e sensível.
Svartman e Halm conseguiram manter a proposta original de Bom Sucesso, ancorada no texto rico com personagens carismáticos envoltos em várias camadas (Alberto, Paloma, Marcos, Ramon, Nana, Mário, Diogo, Gisele). Claro que clichês batidos do folhetim, já na reta final, um novo personagem, Elias (Marcelo Faria), e o retorno do vilão Diogo (Armando Babaioff), enlouquecido, foram usados como uma muleta para assegurar a audiência fácil; mas nada que manchasse a qualidade dessa fantástica obra.
A trama aleatória de Elias foi exibida entre a passagem de 2019 para 2020, o episódio envolvendo a transfusão de sangue de Gabriela (Giovanna Coimbra) introduziu o pai da moça na história, serviu apenas para encher o buraco de fim de ano e garantir a audiência com clichês manjados. Também serviu como uma passagem de tempo para que Diogo ressurgisse.
O saldo de "Bom Sucesso" não poderia ser mais positivo: já é considerada uma das melhores novelas da década. Numa entrevista a Maurício Stycer, para o UOL, Paulo Halm afirmou que a novela foi ao ar no momento certo, que se fosse exibida em 2018, talvez a recepção não teria sido a mesma. Halm está certo em sua análise. Muita das vezes a repercussão de um folhetim reside no que o público está disposto a consumir naquele momento. Todavia, as qualidades de "Bom Sucesso" vão além de um caso de uma trama certa no momento certo.
Não me lembro de outra produção neste formato obter tanto êxito em cativar o telespectador pela abordagem à Literatura. Apoiado em dois personagens unidos pelo amor aos livros, mas completamente diferentes - Paloma, jovem, bela, pobre e de pouco estudo, e Alberto, velho, rico e culto -, e felizmente o tema fluiu sem parecer elitista, e teve o mérito de fazer refletir sobre o fim da vida sem peso ou morbidez, mas como um processo natural do ser humano.
A novela foi recheada com outras temáticas e abordagens, perfeitamente alinhadas às tramas centrais: basquete, carnaval, culto às celebridades e às redes sociais, racismo, violência urbana, inclusão social, diversidade, educação, orgulho de pertencer à periferia, bullying, etc. Mostrando a qualidade do ótimo trabalho de Rosane Svartman e Paulo Halm ao costurar suas tramas. Mesmo com larga experiência com roteirização, despontam como dois dos melhores novelistas da atual safra de nossa televisão.
Junto ao belo roteiro, estavam a direção maravilhosa de Luiz Henrique Rios e sua equipe, ao captar as imagens do texto dos autores, e o elenco bem escalado. Não é desmerecendo o trabalho dos muitos coadjuvantes, todavia, um grande destaque para Antônio Fagundes, Grazi Massafera, Fabiula Nascimento, Armando Babaioff, Sheron Menezzes, Lúcio Mauro Filho, David Júnior, Rômulo Estrela, Ingrid Guimarães, Bruna Inocêncio (Alice), Giovanna Coimbra (Gabriela) e as crianças, lindas e imensamente talentosas, Valentina Vieira (Sofia) e João Bravo (Peter).
Uma novela que marcou e deixará saudade em milhões de pessoas.