segunda-feira, 29 de julho de 2019

Chegou ao fim

Despretensiosa "Verão 90" chegou ao fim

Na última sexta-feira (26/07), terminou "Verão 90", o seu folhetim das sete, criticado por boa parte da imprensa, todavia, fez um certo sucesso com o público.

Izabel de Oliveira e Paula Amaral vinham de dois extremos no horário das sete. As autoras viveram o sucesso com o fenômeno "Cheias de Charme", em 2012, e enfrentaram o imenso fracasso com "Geração Brasil" (2014) (apesar que eu adorava o folhetim) - mas até hoje é a pior audiência da faixa das 19h. Izabel, no caso dividiu a autoria das duas tramas com Filipe Miguez. Paula era colaboradora de ambas. Agora experimentaram um trabalho realmente juntas com "Verão 90" e o resultado foi bastante positivo.

"Verão 90" iniciou apresentando a história de três crianças que fizeram um imenso sucesso nos anos 80, com o grupo "Patotinha Mágica" que acabaram se separando por brigas familiares. O trio central era Manuzita (Isabelle Drummnd), João (Rafael Vitti) e Jerônimo (Jesuíta Barbosa). João e Manu sempre foram apaixonados, enquanto Jerônimo tinha sérios desvios de caráter e nutria uma inveja do irmão. A ideia da trama era esta, mas logo de cara, vimos que não para sustentar o folhetim apenas com essa ideia. Para muitos a trama não existia, pois não tinha história, por isso muitos críticos não conseguiram comprar a novela, o primeiro capítulo foi um, quando caiu para 1990, choveu diversas
críticas.

No segundo ou terceiro capítulo, uma tempestade era anunciada com barulho de raios e trovões, mas… debaixo de sol. No capítulo de quarta-feira (13/02), a moçada na festa da Pop TV dançava descompassada, fora do ritmo da música de fundo: ficou artificial, alguns até pareciam desanimados. São pequenos detalhes, mas perceptíveis, que uma direção mais cuidadosa deveria se ater.

"Pega Pega" e "Haja Coração", nesta mesma faixa das 19 horas, passaram por situações bem semelhantes, mas se transformaram em dois dos maiores sucessos do horário nesta fase recente. Por que o mesmo não pode acontecer com "Verão 90"? Oscilar entre 24 e 25 pontos de audiência, como vem acontecendo, não deixa de ser um resultado interessante, ainda mais se considerarmos o tamanho do calor, as diversas tempestades e apagões registrados em seu caminho. E um sinal que tem muita gente gostando.


Segundo o autor Nilson Xavier do site "Teledramturgia", ele não conseguiu comprar o folhetim e parecia uma copia de "Vele Tudo" (1988).
_A princípio, parecia uma cópia deslavada de Vale Tudo, disfarçada de “homenagem”. No fim, ficou só parecendo uma paródia involuntária de Vale Tudo.

A trama tinha o intuito de mexer com a memória afetiva do público, em relação aos anos 90, isso foi muito bacana, pois muita gente ama nostalgia, todavia, vimos que muitas vezes faltou pesquisa sobre a década, ocorreram diversas falhas, uma delas o apartamento de Jerônimo era repleto de móveis e eletrodomésticos modernos, como sua geladeira, apenas para citar um exemplo. E em plena reta final, quando todos acompanhavam a Copa do Mundo de 1994, deixaram aparecer um controle remoto da operadora Sky. Pelo menos os carros da época foram mostrados (Santana, Verona, Scort, etc).

E muitas vezes as lembranças eram voltadas aos anos 80, recordações, vide a abordagem do doce de leite alucinógeno (em referência ao caso do "Verão na Lata", de 1987, quando foram encontrados 22 toneladas de maconha em latas de leite em pó)

A pesquisa poderia ser muito maior e melhor, ainda bem que a abertura foi sensacional - ao som de "Pump Up The Jam" (Tecnothronic), refletiu bem o clima dos anos 90 e a trilha sonora repleta de clássicos nacionais e internacionais (muitos dos anos 80, é verdade) foi de extremo bom gosto ---- "Scatman" (Scatman John); "Please Don`t Go" (Double You); "Rhythm Of The Night (Corona); "Preta" (Beto Barbosa); "Step By Step" (New Kids On The Block); "Your Love" (The Outfield); "The Best" (Tina Turner); "Grand`Hotel" (Kid Abelha; "Uma Noite e Meia" (Marina Lima); "Fading Like a Flower" (Roxette).

O enredo de Jerônimo era excelente, tal como a interpretação de Jesuita Barbosa, que engoliu Rafael Vitti - que novamente foi muito criticado por sua atuação. O vilão teve muito destaque e a dupla com Camila Queiroz deu muito certo. Aliás, a 171 Vanessa foi uma das melhores personagens e a atriz se destacou merecidamente. A química do casal transbordava e os golpes tiveram excelente desenvolvimento e  os dois tiveram um bônus: o trambiqueiro Galdino. Gabriel Godoy deu um show e virou um dos pontos altos.

Outro destaque foi Dandara Mariana, que fez de Dandara uma excelente personagem e a atriz roubou a cena merecidamente, assim como Ícaro Silva como Ticiano - que ator completo e fantástico, fazendo o seu melhor papel em novelas. Cláudia Raia esteve muito bem como Lidiane Pantera, sua parceria com Isabelle Drummond merece muitos elogios. Para muitos Lidi se torna inesquecível.

Totia Meireles é uma vilã de novela mexicana, da caracterização à interpretação, rendeu excelentes cenas, nos fez lembrar de tramas latinas e acabou na pobreza. Dira Paes, foi uma mistura de Raquel (Regina Duarte em "Vale Tudo" (1988) com Lucimar, a mãe da Morena de "Salve Jorge" (2012) que foi  vivida pela própria Dira.

Os pontos negativos foram que não aproveitaram os talentos de Jeniffer Nascimento, Kika poderia ter rendido muito mais, o mistério da cantora mascarada poderia ter rendido mais. Assim como  Claudia Ohana (Janice) e Val Perré (Otoniel) também foram mal aproveitados.

Sem dúvida as autoras Izabel de Oliveira e Paula Amaral foram extremamente hábeis ao criarem situações episódicas, fazendo com a novela não tivesse barriga, isso foi ótimo, um exemplo foi Mainha – a ótima personagem de Zezeh Barbosa, que nos brindou com seu talento por um tempo. –  como se fosse um episódio livre da “série Verão 90“. Da mesma forma, outros episódios foram sendo criados. Isso foi muito bacana.

Outras coisas interessantes que marcaram "Verão 90", foram algumas  metalinguagens e referências à cultura pop que marcaram a TV do período – como as representações de Silvio de Abreu e Jorge Fernando na escalação de Rainha de Sucata, Tony Ramos dublando Figueirinha (Lucas Domso), e as reproduções de cenas icônicas da televisão por Manu e João (como Viúva Porcina e Sinhozinho Malta e a cena do café da manhã de Guerra dos Sexos). Foram brincadeiras saborosas.

O desfecho de Vanessa, Jerônimo e Galdino em um iate, com muito champanhe, foi típico dos pilantras. Camila Queiroz, Gabriel Godoy e Jesuíta Barbosa em plena sintonia.


Reprodução 
Não se pode negar, às autoras Izabel de Oliveira e Paula Amaral levantaram a moral do horário das sete, conseguindo resultados melhores que as últimas produções (O Tempo Não Para e Deus Salve o Rei). Porém agradou o público menos exigente, que só estava interessado em esquecer as tristezas do dia a dia, relaxar.

O folhetim terminou com médica geral de 26 pontos no Ibope da Grande SP, a novela conseguiu cumprir muito bem o seu papel e  inegável o seu forte apelo ao tentar atingir a nostalgia do público.

Reprodução
Um resumo final do que foi "Verão 90".

A novela é leve, ouço pessoas na rua comentando sobre ela! Conheço pessoas que não perdem um capítulo!

Adorei Dandara entrando na igreja ao som de Beto Barbosa. E o Quinzao no altar, se remexendo. Muita gente queria casar ao som de Beto Barbosa. Novela das sete é assim mesmo. Não precisa ser ao pé da letra. Tem que ser leve, descontraída, divertida e engraçada. Novela das 7 sempre teve uma vibe mais descontraída e divertida, bem colocada num horário entre jornais com noticiários trágicos. Verão 90 foi super original em não ser nem atual nem de época muito remota. Foi ousada ao retratar um passado recente que uma grande parte dos telespectadores lembra bem por ter vivido a adolescência ou até vida adulta na época.




















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