sábado, 8 de junho de 2024

Carta de Frida Kahlo ao marido

 A carta que a artista Frida Kahlo escreveu ao marido Diego Rivera, antes de lhe amputar o pé, é considerada uma das cartas mais famosas de separação entre celebridades, contendo sentimentos verdadeiros opostos entre amor, ódio e raiva: 


México, 1953


Senhor meu Don Diego:


Escrevo isto de um quarto de hospital e na sala de cirurgia. Eles tentam me apressar mas eu estou decidida a terminar esta carta, não quero deixar nada pela metade e muito menos agora que sei o que eles planejam, querem ferir meu orgulho cortando minha pata... Quando me disseram que teriam que amputar minha perna não me afetou como todos pensavam, NÃO, eu já era uma mulher incompleta quando o perdi, novamente, pela enésima vez talvez e mesmo assim sobrevivi.

Eu não tenho medo da dor e você sabe disso, é quase uma condição inerente ao meu ser, embora eu confesso que sofri, e sofri muito, todas as vezes que você me trai... Não só com a minha irmã, mas com tantas mulheres... Como elas caíram nas suas enredadas? Achas que fiquei chateada por causa da Cristina, mas hoje devo confessar-te que não foi por ela, foi por ti e por mim, primeiro por mim, porque nunca consegui entender o que procuravas, o que te dão e o que elas te deram que eu não te dei? 

Por que nos tornamos idiotas Diego, eu dei-te o mais humanamente possível e sabemos disso, agora bem, como caralho você faz para conquistar tanta mulher se você é tão feio filho da puta...?!! [...]

 Desculpa não ter ficado em tua casa para te dizer isso na frente mas nestas instâncias e condições já não me deixaram sair do quarto nem para ir ao banheiro. Não pretendo causar pena de ti nem de ninguém, também não quero que te sintas culpado de nada, escrevo-te para te dizer que te liberto de mim, vá lá, te “amputo” de mim, seja feliz e nunca me procure. Nunca mais quero ouvir falar de você nem que você saiba de mim, se de alguma coisa eu quero ter o gosto antes de morrer é de nunca mais ver essa sua cara de maldito horrível rondando pelo meu jardim.


Pronto, já posso ir tranquila e ser mutilada em paz.

Despede-se quem o ama com veemente loucura, Sua Frida.




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Comemoração

 Gérson e Yoná Magalhães, no título carioca do Botafogo em 1968.