Exibida originalmente às 18h entre 1995 e 1996, História de Amor chegou ao Globoplay na segunda-feira (5). A novela de Manoel Carlos deu a Carla Marins, então aos 27 anos de idade, uma dos personagens mais marcantes de sua carreira: a problemática Joyce, uma filha ingrata e voluntariosa que testou a paciência da audiência e fez a atriz ser odiada nas ruas.
“As reações do público eram à altura da intensidade das cenas. Um ódio indisfarçável por mim nas ruas, mães dizendo pras suas filhas não serem como Joyce. A relação tumultuada era um espelho do que muitas famílias viviam em casa”, conta Carla Marins, em entrevista exclusiva ao NaTelinha.
Em História de Amor, Joyce tinha uma relação conturbada com a mãe, Helena (Regina Duarte) e era vítima, logo no primeiro capítulo, da violência do namorado Caio (Ângelo Paes Leme). A agressão dá início à história – o médico Carlos (José Mayer), que a socorre, se apaixona pela mãe da moça.
“Joyce foi idealizada por Manoel Carlos como uma adolescente mimada e arrogante, mas também como alguém vítima de um relacionamento abusivo com o namorado, um alpinista social. Um personagem complexo e com cenas fortíssimas com o namorado e com a mãe.” 'Carla Marins'
Para ficar com Helena, Carlos termina o casamento com Paula (Carolina Ferraz). Além dos altos e baixos desse romance, a protagonista enfrenta problemas ainda maiores com a filha, grávida do namorado agressor e cheia de vontades dentro de casa.
Carla Marins lembra personagem 10 anos mais nova e parceria com Regina Duarte
Na época de História de Amor, a atriz tinha 10 anos a mais que o papel. “Devido à densidade do personagem, fui escalada por Paulo Ubiratan aos 27 anos para vivê-la com 17. Foi, sim, um desafio”, conta Carla Marins, hoje aos 55 anos, mãe de Léon, de 14, e casada com o personal trainer Hugo Baltazar.
“Houve uma preparação intensa e minuciosa para ser verossímil. Todas as cenas eram dirigidas por Ricardo Waddington, detalhista e perfeccionista, que orientava o tom da atuação nos embates de Joyce com Helena e Caio”, comenta a atriz, que elogia o autor Manoel Carlos:
“O texto era surpreendente pra mim, e facilitava muito a atuação porque todos os diálogos eram perfeitos de se falar. Era realmente uma adolescente vociferando contra todos de maneira muito real e cheia de razão.” ---Carla Marins---
Nas gravações, o clima era outro: “Os bastidores eram ótimos. Muito trabalho, muito texto, Ricardo Waddington super presente na direção, muita troca entre os atores, especialmente Bia Nunnes, Claudia Mauro e Carolina Ferraz. Nos divertíamos e conversávamos muito na era pré-internet e smartphones (risos).”
“A parceria com Regina foi ótima. Éramos mãe e filha, inúmeras cenas juntas, tudo fluiu bem.”
“O valor recebido pelas reexibições é ínfimo”, comenta Carla Marins
Carla Marins também pode ser vista no canal Viva, com a reprise de Bambolê (1987). Na história, ela deu vida a outra vilãzinha: Cristina, um de seus primeiros trabalhos na TV. Enquanto isso, nas redes sociais, ela exibe o dia a dia de uma vida fitness e também se posiciona sobre questões políticas.
Recentemente, a artista compartilhou um vídeo sobre o Projeto de Lei 2.630, que trata das fake news e dos direitos autorais na internet. O tema tem sido muito falado pelos atores e se relaciona com as novelas da Globo que, desde 2020, estão voltando no Globoplay graças ao Projeto Resgate.
“A questão dos direitos autorais é antiga e avançamos pouco em relação a isso. O valor recebido pelas reexibições é ínfimo.”
Ela ainda alerta: “Atualmente temos um outro desafio, a IA [inteligência artificial]. Segundo Vítor Drumond, da Interartis, empresas e produtoras brasileiras já estão incluindo, ao contratar artistas do audiovisual e dublagem, cláusulas de cessão de direitos para que, através da IA, voz e imagem possam ser repetidas”.
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