Presença constante nas novelas do autor Manoel Carlos, a atriz Lília Cabral nunca deu vida a uma tradicional Helena – nome escolhido pelo novelista para batizar a maior parte de suas protagonistas. Fãs de ambos, então, se perguntam com frequência: por que essa escalação nunca aconteceu?
Especialmente entre os anos 1990 e 2010, Lília Cabral tinha a faixa etária comum às heroínas do escritor, geralmente acima dos 40 anos. Bela e elegante, ela também sempre teve o chamado “physique du rôle”, ou seja, todas as características físicas para o papel.
Conta também a seu favor a total afinidade com o texto de Maneco. A veterana teve grande destaque nas quatro novelas dele que participou: como a Sheila de História de Amor (1995); a Ingrid de Laços de Família (2000); a Marta de Páginas da Vida (2006); e a Tereza de Viver a Vida (2009).
A falta de uma Helena no currículo da atriz rendeu até uma brincadeira no extinto humorístico Tá no Ar: a TV na TV. Uma esquete reuniu todas as atrizes que deram vida à personagem em um evento no Leblon. Ao final, Lília aparece e lamenta nunca ter interpretado a icônica protagonista. Relembre:
Por que Lília Cabral nunca foi uma Helena de Manoel Carlos?
Lília Cabral já admitiu o desejo de dar vida a uma protagonista de Manoel Carlos. “Todas as Helenas funcionaram muito bem, dentro daquele caminho de ser a mocinha, a mulher que todos se espelham. Eu queria ser a mulher que todos se espelham, mas com alguma vírgula”, completou a atriz. O relato foi em 2019, no programa As Vilãs que Amamos, do Viva.
“Eu tinha vontade de fazer uma Helena. Porque eu pensava em uma Helena politicamente incorreta. Mesmo que ele [o autor] fosse para uma direção, eu ia dar um jeito de desvirtuar aquela Helena lá”.
Dois anos antes, em entrevista ao programa Donos da História, também do Viva, Maneco respondeu a pergunta que não quer calar. “As pessoas sempre me cobram. Dizem: ‘A Lilia está em todas as suas novelas, por que ela nunca fez uma Helena?’”, comentou ele em 2017, dando a resposta:
“Porque eu nunca encontrei uma pessoa que fizesse tão bem a antagonista da Helena! Ela faz muito bem! Ela é uma atriz que sabe dar uma resposta ao papel. O personagem anda com ela, melhora com ela. Fica mais forte e firme. Ela não é a única, mas é talvez a principal.”
Manoel Carlos
O autor ainda comentou: “Quando faço uma sinopse, digo ‘Muito bem, qual o papel mais difícil da novela?’. É esse que dou para a Lilia”. Em outras ocasiões, ele explicou que o nome tem um simbolismo grande pela Helena de Tróia, e não se trata de uma inspiração em nenhuma mulher de sua vida.
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