- Cercado de expectativas desde que foi anunciado, em 2020, o remake de Pantanal chega ao fim nesta sexta, 7, e, assim como sua primeira versão, exibida em 1990 pela extinta TV Manchete, entra para a galeria de sucessos da teledramaturgia brasileira.
A saga pantaneira criada por Benedito Ruy Barbosa, adaptada agora por seu neto Bruno Luperi, se mostrou perfeitamente verossímil no Brasil atual. Mesmo sem o aprofundamento necessário - ou possível dentro de uma telenovela -, discutiu temas como machismo, homofobia, racismo, violência contra a mulher, assédio sexual, preservação ambiental e agricultura sustentável.
A audiência respondeu bem à proposta. O interesse do público nas redes sociais se manteve igualmente em alta ao longo dos 167 capítulos. Uma vitória em um país que vira cada vez mais para a direita, em um ano eleitoral em que os debates embutidos na narrativa principal são motivo de capital político.
As tramas envolvendo personagens como José Leôncio, Filó, Maria Bruaca, Jove, Juma, Tenório, Véio do Rio, Trindade, Irma, Tadeu, Zaquieu e Alcides encantaram mais uma vez, assim como as cenas da natureza do bioma pantaneiro. A direção artística foi de Rogério Gomes e Gustavo Fernandez.
Na terça-feira a morte do vilão Tenório, personagem de Murilo Benício, deu à Globo a melhor audiência em novelas das nove em 18 meses, com 34,7 pontos na Grande São Paulo, segundo dados do Kantar Ibope. Não sem razão. Foi uma das grandes cenas da novela, com atuações marcantes de Benício, Silvero Pereira e Juliano Cazarré.
“Pantanal tentou agradar a gregos e troianos, ou seja, aqueles que assistiram à primeira versão e quem tem interesse em temas mais candentes. Mas sempre pisando em ovos, com abordagens pontuais. Em Rei do Gado (1996), por exemplo, Benedito Ruy Barbosa pôs o dedo na ferida dos sem-terra de uma maneira mais contundente”, avalia o roteirista e doutor em ciência da comunicação Lucas Martins Néia.
O especialista aponta como um dos motivos do sucesso do remake o deslocamento da história para longe do eixo Rio-São Paulo e a opção por um tom mais onírico. A narrativa mais lenta e contemplativa também deu um respiro ao telespectador na era pós-pandemia.
“Desde Avenida Brasil (2012), existia um pouco o vício em tramas mais ágeis, até pela cobrança do público. Mas, se você tem uma boa história, não há prejuízo. A audiência compra. O tempo de Benedito é o de um ‘causo’ caipira. É preciso todo um universo em torno para que a narrativa ande”, explica Néia.
Grandes atores
O remake de Pantanal teve outro trunfo: um elenco afiado e entrosado, composto por nomes como Marcos Palmeira, Dira Paes, Camila Morgado, Irandhir Santos, Osmar Prado, Selma Egrei, José Loreto, Caco Ciocler, Julia Dalavia, Aline Borges, além de estreantes que conquistaram destaque, como Bella Campos e Guito.
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