sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Os defuntos

 OS DEFUNTOS 


Há um tempo, lendo as páginas dos jornais, vejo a notícia sobre as mortes, ou melhor, assassinatos de pessoas por um enfermeiro que desligava os aparelhos ou aplicava injeção letal nos pacientes. Ao todo, dizem, cento e trinta e um.


E, sobre este assunto que envolve mortes, ainda pequeno, presenciei que as pessoas que morriam na roça, nas fazendas, eram colocadas em padiolas, que consistiam em dois varões com fundo de madeira, carregadas por quatro pessoas que se revezavam com outras, sem diminuírem o ritmo do andar. Muitas das vezes, nesses revezamentos, acabavam jogando o defunto no chão. Aqui chegando, colocavam o defunto no “caixão da misericórdia”, que era fornecido pela prefeitura. Após o enterro, iam para uma venda beber cachaça e comer salame. Era uma festa e tanta, e muitas vezes acontecia outra morte.


Certa vez morreu um fazendeiro chamado Honório Catucho. Passados dois meses, a viúva lembrou que o dinheiro do falecido havia ficado no bolso do paletó. Mandou que desenterrassem o finado para pegar o dinheiro. E qual não foi a surpresa: o defunto estava de bruços.


Passados alguns anos, ocorreu outro caso parecido. Só que desta feita, o fazendeiro era muito rico, gostava de carros novos, mulheres amigas e praticava esportes. Amava o Flamengo e a amiga chamada Maria Tereza, além de ser político. Um gaiato qualquer chegou a escrever sobre seu túmulo: “Sou flamengo e tenho uma nega chamada Tereza”. Acabou também sendo desenterrado pela viúva, para resgatar uma joia de família.


Outro fazendeiro queria levar todo o seu dinheiro, e pediu aos filhos que assim fizessem. Os filhos, no seu velório, depositaram, um a um, o dinheiro no caixão. Quando chegou a vez do genro, que era turco, este pegou todo o dinheiro e colocou no lugar um cheque do Banco Ribeiro Junqueira.

Fonte: Tadeu Miracema



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