quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Balanço final de "Nos Tempos do Imperador"

 Pandemia e algumas escolhas infelizes prejudicaram o folhetim das seis

Na última sexta-feira (04), foi ao ar o último capítulo da novela "Nos Tempos do Imperador", de Thereza Falcão e Alessandro Marson, com direção de Vinícius Coimbra; uma produção com diversas qualidades, porém com muitos problemas - tanto que é considerada um dos maiores fiascos do horário das seis.

Lá em 2017, ainda imensamente felizes com o sucesso de "Novo Mundo", os autores e a Globo, ficaram entusiamados em continuar contando a história da Família Imperial Brasileira, uma construção narrativa que agrega a fórmula do gênero folhetinesco, mesclando vultos históricos com personagens e tramas fictícias. Todavia, nem tudo saiu como planejado e o resultado acabou sendo ruim, para a maioria das pessoas.

Imperadores muito diferentes


Dom Pedro I é um personagem riquíssimo, que rende boas histórias. O príncipe sempre manifestou a curiosidade do público, todas as vezes em que já foi representado na televisão/cinema.

O mesmo não pode se dizer de seu filho. Tentar algum carisma de Pedro II foi uma tarefa complicada e em vão, não só sua história é menos rica, assim como seu perfil também é menos interessante.

O intelecto e a cultura de Dom Pedro II não foi suficiente para limpar sua imagem, diante de sua passividade em questões como a abolição da escravatura, um assunto, aos olhos de hoje, sensível demais.

E pra piorar boa parte do público e da crítica, meteram o malho na interpretação de Selton Mello, que voltava as novelas depois de anos. Afirmaram que Selton sempre esteve no mesmo tom, que sua intepretação dava sono, algo monótono.


Em "Novo Mundo" os autores foram imensamente felizes quando roubaram o protagonismo da Marquesa de Santos e entregá-lo a uma princesa Leopoldina forte e carismática. Infelizmente o mesmo não se repetiu entre a Condessa de Barral e Tereza Cristina.

Infelizmente o público rejeitou o caso do Imperador com a Condessa. Por outro dessa recusa, não foi possível tornar Tereza Cristina tão forte e interessante quanto a imperatriz austríaca da novela anterior.

TC era imensamente contida, só foi salva pela atuação excelente de Letícia Sabatella. 


Estética sem claridade


Não posso deixar de lembrar, uma coisa importante, quero citar a mudança narrativa e estética, entre um folhetim e outro. "Novo Mundo" era uma obra de aventura, capa e espada, com navios, piratas e indígenas.

Já em "Nos Tempos do Imperador", foi bastante diferente, uma trama escura, de estética pesada pra muitas pessoas. Ainda mais se considerarmos que Pedro I era alegre, divertido, já Pedro II, bem menos carismático, literalmente soava melancólico.

Ainda numa comparação entre os dois folhetins, o público refletia muito sobre os núcleos de humor. Germana, Licurgo e Elvira Matamouros, em "Novo Mundo", eram realmente divertidos, mas, em "Nos Tempos do Imperador", unidos a Quinzinho, Clemência e Vitória, deixaram a desejar para parte da população.

Segundo o telespectador, do elenco cômico, salvaram-se as ótimas interpretações de Paula Cohen, como Lota Batista, e Roberta Rodrigues, como Lupita.

Culpa da Pandemia


Como sabemos o perfil de Pedro II não era aventureiro o suficiente para termos ação, e a estética escura foi uma opção da direção. Mesmo a pandemia da Covid-19 não tendo nada a ver com as escolhas da narração e da estética do folhetim, ajudou a tornar a complicar ainda mais esse quadro. 

Pois ficou complicado gravar cenas de aventura, teve adiamentos e atraso nos cronogramas, normas rígidas sanitárias, redução de figurantes e por ai vai. Também culpo a pandemia pelo fracasso do folhetim, pelos problemas que tivemos. 

Do que foi ao ar, pelo resultado final, do que encararam durante esse período tenebroso de pandemia, autores, diretores e atores até que saíram bem.


Outro fator tenebroso da pandemia que prejudicou a novela foi o fato de ela ter sido entregue ao público totalmente escrita e quase gravada e finalizada. Ou seja, uma obra fechada, o que não permitiu aos autores e à emissora aferir o gosto e anseios do público.

Com certeza se fosse uma obra aberta, Thereza Falcão e Alessandro Marson teriam ajustado tramas que deixaram a desejar, que aborreceram e acabaram afastando o telespectador.

Porém a baixa audiência da novela (historicamente a menor da faixa das seis) também está alinhada à história que foi concebida e entregue.

A verdadeira mocinha


A trama de amor entre uma branca que sonha ser médica e o escravo fugido também não desceu bem. E não foi só pela falta de química entre os atores Gabriela Medvedovski e Michel Gomes, como afirma boa parte do público, a condução desse romance não caiu nada bem e foi muito mal feita.

Começando pelo excesso de liberdade criativa: no período retratado, um casal inter-racial jamais andaria de mãos dadas pelas ruas ou trocando carícias em público, ainda mais sendo ele um negro e ela uma branca. 

A falta de carisma dos casais centrais, eram imensamente questionadas pelo telespectador, isto foi uma das grandes críticas que o folhetim sofreu, eles não tinham química. Além de Pedro e Luísa, Pilar e Samuel. No empenho de apresentar Pilar como uma heroína determinada, mulher à frente do seu tempo, os autores sacrificaram virtudes e dramas que sensibilizassem o público.


Assim sendo, a irmã de Pilar, Dolores (grande atuação de Daphne Bozaski), que tinha que encarar o horror de um casamento forçado com o vilão, ganhou as graças da audiência e tornou-se a mocinha moral da história.

E ainda viveu um amor (com Nélio) que foi sendo construído pouco a pouco, de maneira sólida, e melhor do que Pilar, que simplesmente apaixonou-se à primeira vista sem ao menos o público ter afeto a ela.

Pilar e Dolores revelaram um caso curioso, no universo das nossas novelas. A primeira foi vendida como a protagonista batalhadora, dona de seu nariz, determinada, ou seja, uma heroína de nossos tempos, longe da figura da mocinha sofredora. Só que foi Dolores, como mocinha sofredora, quem ganhou a simpatia do público, que preferiu ver na tela o melodrama tradicional ao discurso moderno de empoderamento feminino.


Um erro dos autores foi colocar Zayla, uma personagem negra (Heslaine Vieira, outra grande atuação), para realizar vilanias que a contrapunham com Pilar. Uma novela que aborda um período nefasto para a raça negra poderia ter poupado o público da figura da preta invejosa e sexualizada (Zayla chegou a usar o corpo para conseguir o que queria).

O vilão


Agora sim, o vilão Tonico Rocha merece um capítulo a parte, que atuação fantástica de Alexandre Nero, que muitas vezes carregou "Nos Tempos do Imperador" nas costas, Nero provando mais uma vez que esta entre os dez melhores atores do Brasil na atualidade. 

Tonica Rocha começou risível, mas aos poucos foi se revelando uma criatura abominável, o link com o cenário político atual, bem como com um c e r t o p o l í t i c o da atualidade, ofereceu um charme extra.

Na última semana ocorreu o recurso do "quem matou", que pra algumas pessoas já é batidíssimo, muita gente queria que o desfecho de Tonico fosse a prisão, pois achavam que teria sido um desfecho desfecho mais justo para o personagem – e para os anseios do público, que espera ver o mesmo destino para o político correlato a Tonico Rocha na vida real.

Novamente quero dar parabéns a Alexandre Nero, que ator incrível, cada papel seu, vibro e aplaudo de pé e "Nos Tempos do Imperador" será principalmente lembrada por sua atuação. 

Mesmo com todos os problemas que citei, e com o fracasso que foi, quero parabenizar Thereza Falcão e Alessandro Marson, pelo esforço em "Nos Tempos do Imperador", são bons autores e que em sua próxima trama façam sucesso, pois se Deus quiser também não enfrentaram problemas como a pandemia da Covid-19. Porém, penso se é mesmo necessário completar a suposta trilogia que os autores planejam, dessa vez centrada na figura da Princesa Isabel, “a Redentora”.


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