O novelista Silvio de Abreu, de 81 anos, autor de folhetins de sucesso da Globo como "Rainha da Sucata" (1990), "A Próxima Vítima" (1995) e "Torre de Babel" (1998), diz que não vê mais novelas atuais e que não é fã da atual onda de remakes.
"Atualmente não assisto mais. E sou contra remake, porque fiz um de 'Guerra dos Sexos' e foi uma porcaria. Não deu certo", afirma ele à coluna. A Globo tem apostado na releitura de tramas consagradas, como "Pantanal"(1990) e "Renascer" (1993).
Para Silvio, porém, é difícil que o êxito de uma história se repita anos depois.
"A novela não faz sucesso só pelo texto, mas pelo todo. São os atores, o período, a maneira de dirigir, o momento em que ela é relevante, e que dali a dois anos pode não ser", argumenta.
No caso de "Guerra dos Sexos", Silvio foi o autor da versão original de 1983 e da releitura em 2012. "Eu gostava tanto da novela que não quis mudar muita coisa. Foi um erro."
Para ele, o gênero televisivo é uma obra aberta, que vai sendo construída dia a dia, muitas vezes a partir da resposta do público.
"Quando você refaz, você perde esse processo. Foi o que eu senti em 'Guerra dos Sexos'. Se eu mudasse uma coisa, eu teria que mudar outras 30. E eu não queria mudar as outras", explica. "Aí ficou uma coisa… Não me satisfez como trabalho nem satisfez o público", diz.
Mas, observa, "se eu errei, não quer dizer que todo mundo vai errar".
Questionado sobre o remake de "Vale Tudo", que será escrito por Manuela Dias e vai ao ar no ano que vem na Globo, Silvio diz torcer para que dê certo. "É uma novela que tem uma boa trama."
O autor acrescenta que não gostaria de ver na TV novas versões de histórias que escreveu. "Não ia querer, mas as novelas são da Globo, eles poderiam fazer à minha revelia."
Silvio de Abreu é autor de duas versões das cinco releituras que já foram feitas de "Éramos Seis", novela baseada no romance de mesmo nome de Maria José Dupré.
Ao lado de Rubens Ewald Filho, ele assinou o terceiro remake de 1977, exibido na TV Tupi, e o quarto, de 1994, que foi um grande sucesso no SBT. A quinta versão foi escrita por Ângela Chaves, a partir das adaptações de Silvio e Rubens. O folhetim foi transmitido pela Globo entre 2019 e 2020, também com êxito.
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