Se no Brasil o Remo garantiu a primeira participação de um clube da região Norte na Série A em mais de 20 anos, na Argentina é o sul que pode ganhar uma raríssima representação.
O Deportivo Madryn, de Puerto Madryn, joga no domingo para subir à primeira divisão argentina e ser o primeiro clube da Patagônia na elite em 40 anos.
Ao contrário do que aconteceu com o Remo, porém, esse seria um acesso com muita polêmica.
O futebol argentino está rachado entre clubes que são considerados queridos por Chiqui Tapia, presidente da federação com atitudes muito suspeitas, e outros contrários a ele. Há denúncias de favorecimentos da arbitragem, por exemplo, aos "protegidos" pelo dirigente.
Tal cisão chegou ao auge recentemente, quando Tapia criou um título do nada para beneficiar o Rosario Central, um dos clubes alinhados à sua administração. O Estudiantes, do lado contrário, foi o rival da equipe rosarina na partida seguinte e deveria fazer o "pasillo", tradicional saudação a uma equipe que acabou de ser campeã na Argentina, mas se recusou.
O que agravou a situação é que o Estudiantes talvez seja um dos maiores rivais de Tapia, já que sua luta para se tornar uma espécie de SAF o alinha ao que o presidente Javier Milei deseja para o futebol argentino. Na Argentina, o modelo associativo é visto quase como sagrado, tanto por Tapia, quanto pela maioria dos torcedores.
Pois bem: o Deportivo Madryn é mais um dos clubes alinhados a Chiqui Tapia, e rivais o acusaram de ser constantemente benficiado pela arbitragem na campanha que o levou à final da segundona. Torcedores do Deportivo Morón, derrotado pelo time da Patagônia na semifinal de maneira polêmica, vandalizaram um mural em homenagem à conquista da Copa do Mundo de 2022 com a frase "o mundial mais caro da história".
No rescaldo da recusa do Estudiantes de fazer o pasillo, Tapia discursou ontem em um evento. Disse que "está há nove anos à frente da federação e que ficará muitos outros", e alfinetou seus críticos. Quem estava presente também era o presidente do Deportivo Madryn, Ricardo Sastre, que elogiou ao chefe e disse que "ele abriu as portas ao interior como ninguém".
O Deportivo Madryn perdeu a partida de ida por 2 a 0 para o Estudiantes de Rio Cuarto e precisa reverter o placar na Patagônia, no domingo, para conseguir o histórico acesso.


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