O FUTEBOL NÃO FOI AMIGO DE JAMES RODRIGUEZ, nem nosso, por arrasto!
Tivesse James nascido umas décadas mais cedo, tivesse ele o seu apogeu nos anos 80 ou 90, ele seria um sério candidato a ganhar não uma, mas várias bolas de ouro.
Mas não nasceu.
E isso é triste para ele, como é triste para nós.
Porque o talento de James não veio acompanhado de cardio, nem de velocidade, nem de explosão, basicamente, o talento de James resume-se à genialidade de um pé esquerdo que executa tudo o que um cérebro brilhante vê que ninguém mais vê.
Ou seja, James é o 10 à antiga, aquele 10 "Laudrupiano" que encontra espaço para fazer passar a bola por uma parede de betão reforçada com uma barreira de aço e com parcimónia na força para a redondinha parar antes de encontrar o porteiro.
É aquele tipo de jogador que nos fez apaixonar pelo jogo, aquele tipo de jogador que parece parar o tempo quando isola um colega, às vezes, nem este percebendo como se apanhou isolado à frente da baliza, ou seja, que faz a bola rolar com um GPS quântico.
Tudo é simples para James com bola.
O problema é que ninguém joga com um 10 à antiga no futebol atual, pelo que, os playmakers como James foram adaptados a falsos alas ou a 8s.
E, como falso ala, James conseguiu singrar na Europa, com Vítor Pereira a dar-lhe liberdade para aparecer no meio.
Mas uma coisa é aparecer no meio, outra coisa é viver no meio, e, tirando na seleção, foi rara a vez em que James jogou como puro 10.
Mesmo no Bayern, ele jogou várias vezes como 8, e, como é óbvio, ficou aquém das expetativas.
No Real, teve uma boa época, e foi isso, uma boa época, não uma época excecional.
E isto é muito triste.
Eu tenho quase a certeza que se Maradona hoje jogasse, seria colocado na ala, todos os treinadores se recusariam a jogar com um 10 declarado que só existe com bola e que precisa que a equipa rodasse toda à sua volta.
Com isto, não estou a dizer que a culpa é dos treinadores.
Os treinadores evoluem sempre para conseguir a melhor eficácia possível, pelo que, jogar para o 10 criar passou de moda, porque é mais eficaz para a equipa criar ela mesma aquilo que antes era da responsabilidade quase exclusiva do 10: espaço.
Mas se isto, como adepto de futebol, não te aperta o coração, meu amigo, desculpa que te diga, esse coração até pode ser grande, mas é feito de pedra. :)
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